Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
Guilherme Luís Franzon e Leonardo Krolikowski Ferreira 95 ser uma intervenção interpretativa? E se fosse, seria uma interpretação trans- ferencial ou extra transferencial? Ou faríamos uma observação? Ou melhor, uma pergunta a fim de investigar algo? E qual o melhor momento em que deveríamos usar esta ou aquela forma de intervenção? Tal gesto do paciente seria uma defesa? Se sim, de qual tipo? Além de considerar os questionamen- tos constantes que faríamos na tentativa de compreender o conteúdo mani- festado pelos pacientes. Percebemos que essa forma de trabalhar, no que se refere a busca de acertar precisamente o tom e o conteúdo do que fazemos, seguindo uma preocupação classificatória nos pareceu algo tecnicista e dispendioso. Não foi difícil imaginar quão desgastante seria uma sessão sobre tais exigências e o quanto não afastariam a atenção e a entrega do terapeuta/estagiário e do paciente no aqui e agora da sessão. Nesse momento, surgiu-nos a caricatura de um estagiário cuja preocupação seria assemelhar-se (ou simular) o quanto pudesse, a postura de um terapeuta experiente, que saberia o quê e em qual momento falar e intervir. Estaríamos esquecendo assim, que o conceito de verdade dentro de uma situação terapêutica é sempre a verdade construída por determinado par terapêutico. (CANELAS NETO, 2012). Em determinado momento, percebemos que nossas dúvidas e preo- cupações sobre o modo de escutar e operar com nossos pacientes continham um significativo componente de auto exigência e ansiedade, inclusive bas- tante esperado para quem estava começando. É razoável pensar que algumas leituras obrigatórias que fizemos ao longo da graduação servem de amparo teórico-prático neste momento. Afinal, muitas leituras trazem significativas recomendações sobre frequência, manejo, estilo de intervenção, postura pro- fissional, ato diagnóstico, etc, e precisamente é na dimensão que empresta mais concretude e taxonomia dos elementos da clínica onde nós, iniciantes, nos sentimos mais seguros e ancorados no instante da sessão. Muito prova- velmente o tipo de leitura que fizemos da prática clínica dura que se assemelha a um tipo de prova com gabarito onde temos que ter a resposta definida a cada hora em que somos ou nos sentimos convocados se presta a uma su- posta e falha tentativa de eliminação dos elementos espontâneos da sessão : tanto as surpresas que trazem os pacientes, quanto as que nós poderíamos produzir no contato com estes. Na experiência, a partir do contato com as colegas e com a supervi- sora que estas impressões iniciais se tornaram novas formas de perceber o espaço de supervisão de estágio clínico. Pois, as dúvidas e os questionamen- tos desta ordem também emergiram nos momentos das supervisões, fomos notando, no passar das semanas, que nossa supervisora prezava por nosso desenvolvimento como terapeutas de acordo com nossos próprios princí-
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