Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

94 Supervisão das práticas clínicas: inferências e aberturas ou de como tornar-se psicoterapeuta conjunto com outros colegas e visa nos auxiliar, enquanto estagiários, nos desafios que surgem no processo que fazemos junto a nossos pacientes. Tivemos a ideia desta escrita também como um fechamento da nos- sa passagem pelo primeiro semestre no serviço e procuramos documentar aqui como vivenciamos o espaço de supervisão neste período. Tentamos aqui sintetizar muitas dúvidas, questionamentos e até anseios articulando-os com alguns saberes já produzidos. dividimos a escrita em três momentos. Na pri- meira parte, mostramos o contraste entre o estilo de prática e de supervisão que imaginávamos encontrar e a vivência qual experimentamos. No segundo momento, discutimos nossos desafios perante a busca e a teorização sobre uma forma idealizada e supostamente correta de compreender os fenôme- nos psicológicos e clínicos. E o terceiro momento nos serviu para revisar a maneira como nos encontramos e com o dispositivo das sessões dialogadas e trazemos algumas perguntas sobre os lugares da subjetividade do estagiário na supervisão e na sessão. I Uma das primeiras questões, que chamaram nossa atenção no primei- ro semestre de estágio e supervisão no serviço, refere-se a nossa compreensão dos elementos da história de nossos pacientes e do manejo que deveríamos ter com eles. Observamos inicialmente o quanto procurávamos assumir uma postura rígida, tanto nos atendimentos que fazíamos quanto na supervisão, a fim de agir, interpretar e fazer algumas leituras certeiras e unívocas. Supomos haver um jeito único e correto de trabalhar com nossos pacientes e de com- preender o que se passava nas sessões de forma que nos sentimos, muitas vezes, numa espécie de confusão prático-teórica. Perguntamo-nos inicialmente se a supervisão da qual compartilháva- mos serviria para o desenvolvimento e experimentação dos estagiários como terapeutas nos moldes da psicoterapia psicanalítica, fundada em critérios bem definidos desta prática – tendo como horizonte um saber fazer típico do que se espera de um psicoterapeuta de orientação analítica. A nossa impressão inicial sugeria que uma supervisão de práticas clí- nicas que busca uma experimentação profissional como psicoterapeuta con- taria com dispositivos teóricos e técnicos bem definidos na literatura, que obedeceria a recomendações pontuais sobre a leitura que se faz do estabe- lecimento do setting , da lógica diagnóstica utilizada, da ordem das interven- ções e do manejo terapêutico. Assim sendo, agiríamos clinicamente tentando mapear e nomear tudo o que apareceria numa sessão de acordo com certas categorizações frequentes na literatura específica contemporânea. Neste sen- tido, fizemos várias considerações: determinada fala de nossa parte deveria

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