Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
78 Uma clínica grupal com adolescentes em padecimento ciso enfrentar esta tensão do silêncio (em nós e nas meninas)e assumir uma postura acolhedora, buscando respeitar o momento de cada uma, mas obser- vando para não deixá-las isoladas do grupo. Procurando, portanto, constituir uma aproximação delas com o grupo numa postura de presença reservada, mas implicada. (FIGUEIREDO, 2000). Um dos grandes desafios deste trabalho foi a construção da rede com as famílias, que se mostraram desorganizadas na sua função de cuidado e de referencial como pais, algumas mães muito sufocantes e exercendo ainda relações simbióticas com as adolescentes e outras, talvez, com falhas básicas no cuidado e investimento psíquico, pais ausentes, quando não violentos que apontam a importância de um trabalho próximo, de construção de diálogo e de confiança para que possam contar conosco na construção de uma outra relação parental. A cada novo encontro que as adolescentes traziam suas questões, suas angústias e sofrimentos para o grupo, denotando maior confiança para trabalharmos as conflitivas inconscientes e relacionais ia fazendo surgir, paulatinamente, nosso encanto com trabalho realizado, fosse com os gru- pos, fosse com as adolescentes. A proposta de criar um ambiente em que cada uma, a seu tempo, se indagasse e fosse protagonista, tomando a pala- vra e construindo uma experiência de pertencimento, criando um campo comum entre elas foi fundamental para que pudéssemos em diferentes mo- mentos, experienciarmos a grupalidade. Um grupo onde pudessem, mesmo timidamente, enunciar seu desejo. Desejo de pertencer, de serem escutadas, de amar ao mesmo tempo que iam aprendendo a ouvir e serem ouvidas. Trabalhamos para que as integrantes tivessem condições de experimentar momentos de acolhida, de certa autonomia, construindo mudanças e des- pertando alguns movimentos de vida, de comunicação, de ensaios de pe- quenos namoros, poderem estar juntas, enfim para que novas formas de subjetivação fossem surgindo dos encontros que ali se faziam. Este traba- lho foi iniciado, fizemos um percurso com as meninas e uma passagem aos novos terapeutas que seguem o trabalho, construindo e ensaiando possibi- lidades com elas. REFERÊNCIAS BALINT, Michael. A falha básica : aspectos terapêuticos da regressão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. BARBIER, René. Escuta sensível na formação de profissionais de saúde . Brasília, DF, 2002. Conferência na Escola Superior de Ciências da Saúde–FEPECS-SES-GDF.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz