Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

Celma Matos Campos, Joice Costa da Silva Gomes e Lígia Hecker Ferreira 73 eles. Temos como princípio no serviço, que o trabalho com adolescentes, assim como com as crianças, precisa acontecer com a concomitante partici- pação dos adultos responsáveis e, por vezes, com alguma articulação com as escolas, procurando tanto implicá-los desde o início neste processo de seu filho, quanto sensibilizá-los para aceitarem e entenderem a terapia grupal que, muitas vezes, encontra resistência nos adultos. Nestes encontros também era momento de apresentar e conversar melhor com os pais e cuidadores sobre a proposta deste grupo. Neste sentido procuramos trabalhar com eles a ideia defendida por Zimerman (2000), de que é, preferencialmente, nos pares que os adolescentes se identificam e se reconhecem, sendo possível ficarem mais à vontade, uma vez que, a grupalidade faz parte desta fase da vida e este es- paço se torna potente para a elaboração em conjunto dos conflitos derivados da idade. Após estas entrevistas iniciais com pais e responsáveis, demos iní- cio aos encontros com as meninas. Estivemos sempre presentes, no proces- so psicoterapêutico do grupo, as duas terapeutas trabalhando em parceria e de forma complementar. As supervisões do grupo terapêutico aconteciam, também, semanalmente com a supervisora do núcleo de práticas grupais do PAAS, professora Lígia H. Ferreira. Este momento era fundamental para que nossa prática como terapeutas em processo de formação pudesse se quali- ficar cada vez mais, assim como eram nesses momentos que podíamos nos deparar com a análise das transferências e contratransferências assim como com os processos grupais, que somente no momento de supervisão eram possíveis de nos darmos conta, para então construirmos intervenções que fizessem sentido e gerassem efeitos de subjetivação. Segundo Figueiredo (2000), a fim de, resguardar o terapeuta e o tra- tamento, o segundo olhar da supervisão se faz instruído de equipar panorama quanto aos fenômenos da contratransferência na terapia. No começo dos atendimentos, nos colocamos como coordenadoras do grupo, porém, com o passar do tempo, a maior clareza no trabalho que estava sendo realizado e as supervisões, fomos nos dando conta que nossa função não era de coor- denar um grupo em prol de uma tarefa, mas sim, operar um trabalho clínico, terapêutico, passando então a nos reconhecermos como terapeutas daquelas meninas o que fez muita diferença na posição de escuta e atitude profissional naquele espaço. As inspirações nasciam a cada segunda-feira. O desejo de escutar e es- tar com as adolescentes se tornava potente e os encontros começavam, pouco a pouco, a fazer sentido, na medida em que, a cada dia, nos sentíamos mais à vontade como terapeutas e elas como pacientes, percebíamos que as interven- ções foram ficando possíveis. Fomos experimentando-nos enquanto terapeutas

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