Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
72 Uma clínica grupal com adolescentes em padecimento vés de diferentes leituras, diálogos entre terapeutas e momentos de supervi- sões, processo que seguiu durante todo tempo que atendemos estas meninas. Como terapeutas de adolescentes, imaginávamos que seria parte deste trabalho lidar com questões desafiadoras, fosse pelos conteúdos regressivos delas como, de alguma forma, porque iríamos nos reconectar com a nossa própria adolescência. Corso, D. e Corso, M. (2018), salientam que é necessá- rio o terapeuta de adolescentes fazer as pazes com a sua adolescência, vivencia- da no passado, para então ter condições satisfatórias de investir no outro, de forma próxima e não moralista. Acreditamos que a proposta de grupo, pode proporcionar aos adoles- centes a oportunidade de entre pares, colocarem seus conflitos, suas angústias e padecimentos, proporcionando além de autoconhecimento e um certo de- senredamento de suas histórias, a experiência de constituir laços diferencia- dos na relação com o outro. O grupo de adolescentes tem um funcionamento terapêutico, com a intencionalidade de promover mudanças, sendo o campo grupal entendido como produto de conexões que promovem efeitos. Para Ferreira 4 (informação verbal) cada integrante traz consigo suas experiências – fios invisíveis compostos por suas histórias, suas verdades, e experiências tecendo redes de relações que formam o tecido grupal, no qual o fazer Psi tem como objetivo, propiciar que esse movimento aconteça, sendo espaço de transformações e deslocamentos. Segundo Fernandez (2006), o terapeuta neste emaranhado que é o campo grupal, tem como trabalho fazer com que o grupo se torne potência, para que seus integrantes possam experimentar outras formas de vida. Defende, também que, através da problematização dos nós grupais seja possível constituir-se uma trama grupal que promova a tecitura de novas relações e sentidos para suas vidas e seus sofrimentos. Um grupo que intenciona a problematização de suas questões visando que se elaborem sofrimentos e tristezas, que se processem angústias, no falar de si, no escutar e acolher o outro, no travar novas conversas e no estar com o outro apostando no surgimento de novas formas de subjetivação. (CAMPOS; SANTI; RIGONI, 2007). Com este entendimento do grupo terapêutico, começamos os con- tatos com as famílias, a fim de, marcarmos as primeiras entrevistas, para conhecer suas narrativas sobre suas filhas, assim como, para conhecer um pouco mais da vida, da rotina e dos padecimentos das meninas. Nem sem- pre estes pais ou responsáveis vieram nas primeiras entrevistas marcadas, às vezes esqueciam ou não vinham mesmo, colocando para nós a necessidade de reafirmar o convite, pois entendíamos que aqui começava o trabalho com 4 Palestra de Ligia Hecker Ferreira em evento no Instituto Pichon Riviere, em Porto Alegre, 2008.
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