Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
62 Uma clínica grupal com adolescentes em padecimento A entrevista que deu início ao processo avaliativo foi realizada com a irmã mais velha da avalianda, procedimento padrão nas avaliações psico- lógicas com menores de idade. No segundo encontro foi realizada a entre- vista inicial com Marília. A partir desses dois primeiros contatos, pudemos perceber que havia muitas lacunas de informações sobre a vida de Marília, tanto em relação ao seu histórico escolar e de saúde, quanto sobre aconteci- mentos pessoais – a mãe, que era quem acompanhava a avalianda em todas as atividades, havia falecido há poucos meses e, com isso, deixado muitos es- paços vazios na vida dela, incluindo sua história prévia. Pensando nisso, para o terceiro encontro planejamos uma atividade visando ao resgate de memó- rias – Marília realizou a construção de um “caminho” de sua vida, contando eventos importantes – e também a aplicação da técnica gráfica projetiva da Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person – HTP), que nos daria mais pistas sobre seus aspectos emocionais e como os eventos, recentes ou não, estavam sendo processados por ela. Após a coleta dessas informações mais ligadas ao quadro psicoló- gico de Marília, e tendo em vista a necessidade de investigarmos os aspec- tos relacionados ao seu desempenho escolar e de aprendizagem, o quarto, quinto e parte do sexto encontro foram destinados à aplicação da Escala Weschler de Inteligência (WISC IV), sendo feita na segunda parte do sexto encontro a aplicação do ANELE – volume 3, Tarefa de Escrita de Palavras e Pseudopalavras (TEPP) e ANELE – volume 4, Tarefa de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TLPP 1), os dois últimos fundamentais na investigação do quadro de dislexia. Com base nos dados obtidos na avaliação, foram realiza- dos encontros presenciais entre o grupo, com o objetivo de realizar o levanta- mento das informações e a elaboração do laudo para a entrevista devolutiva. Relato A partir da transmissão da demanda da fonte encaminhadora, o gru- po, composto por 11 alunos, com o auxílio de supervisão da professora e da monitora da disciplina, iniciou o planejamento da avaliação psicológica. Nesse momento é quando se reflete a respeito da solicitação e se planeja um rapport visando a paciente e seus familiares. (WERLANG; ARGIMON; SÁ, 2015). O envolvimento dos integrantes foi decisivo nesse processo. O grupo se reunia antes de cada atendimento para avaliar as possíveis intervenções, assim como para treinar algumas aplicações de testes, sendo assim um espaço potente de aprendizagem e construção de prática profissional. Notou-se, desde o primeiro contato com Marília, que a expectativa sobre o processo avaliativo seria uma confirmação mais específica sobre qual tipo de dislexia ela teria – em nenhum momento, ao longo do processo, hou-
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