Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

Celma Matos Campos, Joice Costa da Silva Gomes e Lígia Hecker Ferreira 61 estar responsável por representar o saber da Psicologia diante de um sujeito, tornou-se uma experiência permeada por um trabalho em conjunto entre alunas-avaliadoras, monitora e professora. Essa rede de saberes estabelecida gerou o desejo de narrar e compartilhar, em forma de relato de experiência, bem como possibilitar aos próximos alunos da disciplina terem acesso a um material que conte um pouco do que será vivenciado neste trajeto, tendo em vista o quanto a primeira prática em avaliação pode ser ansiogênica. O caso em questão é de uma adolescente de 16 anos, aqui chamada de Marília (nome fictício). Ela foi encaminhada pela psicóloga do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) de São Leopoldo com a solicitação de verificar qual seria seu “grau de dislexia”. Nesse momento, pareceu que não existia dúvida sobre seu diagnóstico, ele já estava dado. Já havia, portanto, uma construção subjetiva e uma convivência de longos anos – ela foi diag- nosticada por volta dos 8 anos – com este rótulo. Quais as expectativas estão presentes nessas relações e intercâmbio de vivências? A avaliação psicológica não se configura em si como uma proposta de intervenção, entretanto, a intervenção pareceu ter iniciado desde o momento em que a demanda de avaliação foi levantada. Método A experiência relatada diz respeito ao que envolveu o processo de avaliação psicológica como um todo. Apesar de uma dupla ter ficado como responsável pelo atendimento de Marília, é fundamental destacar que a avalia- ção contempla além dos encontros com a paciente, as possíveis visitas – nesse caso feitas à escola e ao EDUCAS –, a discussão do caso feita em supervisão, assim como em horários de reunião do grupo para estudo e em monitoria, o levantamento dos instrumentos utilizados e a entrevista devolutiva. O processo de avaliação foi composto por sete encontros, incluindo a entrevista devolutiva feita após um intervalo de aproximadamente um mês. Os atendimentos aconteciam no horário das 18:30 às 19:30, após os quais acontecia a supervisão com a professora da atividade, momento em que o grupo se reunia para discutir o atendimento e as estratégias para dar continui- dade ao processo. É importante salientar que o planejamento dos encontros levou em consideração não apenas a demanda da avalianda e as discussões pautadas na supervisão, mas também o calendário acadêmico da universidade e o horário da atividade de PAP III. Desta forma, considerando as limitações, priorizamos os aspectos que mais influenciavam a rotina e os planejamentos do cotidiano de Marília – a investigação do diagnóstico de dislexia. Em ne- nhum momento, porém, isso nos fez perder de vista a relevância do contexto mais amplo de sua vida, suas relações e implicações psicológicas.

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