Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

60 Quem aprende e quem ensina? Um relato de experiência de uma avaliação psicológica em um serviço escola Introdução Todos os anos, diversas crianças e adolescentes enfrentam o que é chamado de dificuldades de aprendizagem. Os fatores que as colocam dentro dessa categoria geral têm as mais variadas motivações, o que nem sempre é olhado com o cuidado necessário. O que ocorre é uma separação entre os sujeitos que atendem ao que a escola exige deles e os que não atendem, que acabam por ficar no limbo dos que possuem dificuldades de aprendizagem. O conhecimento que temos sobre o impacto de uma rotulação como essa é superficial se comparado ao número de jovens que a possuem, algo que cresce a cada ano. Tão facilmente se identifica que uma criança não está con- seguindo ler ou escrever no “tempo certo”, porém, não com a mesma facili- dade ela é acompanhada para compreender de que outras maneiras podem se promover processos de ensino e aprendizagem. Freitas (2003) aponta como a escola se organiza de maneira a re- produzir a desigualdade social instalada em nossa sociedade. Dessa forma, o fracasso escolar, como coloca a autora, mesmo estando presente em diversos países e regiões, manifesta-se com mais frequência nas regiões onde há mais pessoas de baixa renda. Além disso, a maneira de abordar as crianças e ado- lescentes que não conseguem aprender se divide em dois lados: de um, os que acreditam que todo sujeito que não obtém sucesso na escola tem alguma questão de ordem psíquica e, de outro, os que acreditam que o olhar da psi- cologia é psicologizante no sentido de culpabilizar o sujeito. Seria o acompanhamento da criança e adolescente com dificuldade de aprendizagem algo possível? E como ou quando esses sujeitos chegam aos profissionais da saúde e da educação? Foi com esses questionamentos que surgiu a motivação para essa escrita. Como alunas da atividade acadêmi- ca Processos de Avaliação Psicológica III, que integra o currículo do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, a proposta era pensar como uma adolescência permeada por dificuldades de aprendizagem e um rótulo como a dislexia chega ao serviço-escola Projeto de Atenção Ampliada à Saúde (PAAS), vinculado ao Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS), que em suas dependências abriga diversos projetos da UNISINOS. Esse relato diz respeito a uma experiência vivida em uma das poucas atividades acadêmicas necessariamente planejadas para colocar os alunos no exercício da prática e em contato com a avaliação psicológica. Ao contrário dos estágios, na atividade citada é estimulada a formação de grupos e para esses é encaminhado um caso, o qual todos os alunos que o compõem acom- panham e uma dupla dentre este grupo fica responsável pela avaliação psico- lógica a ser realizada. O que inicialmente poderia ser um gerador de angústia,

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