Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

Amanda Pedralli Hamad e Stephani Claudino 47 ciente ao coexistir com projetos desfavorecedores promovidos pelas ilusões do homem da moral, quando esse valor é demasiadamente poderoso”. A ci- dadania, uma vez que pautada em modelos identitários, atua contra processos de singularização capazes de romper com as formas identitárias socialmente impostas. (AMARAL, 2011). Formas que regulam o controle social – como a do adolescente vulnerável definitivamente tutelado pelo Poder do Estado, e assim, escanteado e despotencializado em sua existência. De acordo com Sawaia (1994), temos como desafio a conquista da cidadania incorporada ao respeito à alteridade, esta luta deve ser tomada com cautela pelo apelo da diferença que muitas vezes pode ser apropriado por discursos reacionários, tornando-se violência irracional. Então, busca-se dis- cutir cidadania sem demagogias liberais, permitindo as diferenças e excluin- do comparações. Pensando estes jovens não como produzidos, mas também como produtores em constante movimento. A filosofia da diferença permite, também, pensar os sujeitos para além do orgânico de modo a convocá-los a pensar cada um como corpo desejante e potente para inventar outras formas possíveis de estar na sociedade. Afinal, a cidadania ativa se faz através do desejo, não há ação sem base emocional. É necessário que se usufrua do poder de imaginação em potencialidade de ação coletiva através de devires individuais, para, enfim, expressar em ato político capaz de quebrar as correntes da alienação. O papel de cidadão ativo surge pelo desejo enquanto necessidade do eu, através, então, de ação cole- tiva. (SAWAIA, 1994). Por isso, aqui, pensamos não apenas os adolescentes que passam por acompanhamento psicoterapêutico conosco, mas de como enquanto serviço híbrido o PAAS se coloca frente às problemáticas derivadas da constituição de rede com os demais serviços do município em que atua. Provocar o desejo nestes adolescentes é oportunizar que possam transitar no cotidiano com maior propriedade e ainda descobrirem novos espaços. O desejo é entendido como aspiração, vontade de criar outra per- cepção do mundo, ou seja, o desejo é sempre o modo de produção de algo, construção de algo. (GUATTARI; ROLNIK, 1986). Desta forma, através de devires, através da produção de outras possibilidades, permitindo que as condições impostas não sejam mais demarcadoras de seu corpo, mas que este corpo se permita enquanto desejante. Trata-se, então, de afirmar potências e suas diferenças, as multiplici- dades e possibilidades ilimitadas enquanto sujeito, e, também, como propos- ta do estágio, do nosso papel como estudantes de psicologia frente a todas essas interações, sem excluir nosso papel político. (COIMBRA; LEITÃO, 2003). Diante disso, desterritorializá-los da condição já posta para eles, buscar conduzir outras formas de se colocar enquanto cidadãos, libertá-los de seus

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