Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

46 A experiência de psicoterapia com adolescente em situação de acolhimento institucional Dessa forma, a juventude que encontramos nas casas de acolhimento são marcadas por contextos de extrema vulnerabilidade e violência. Apesar de que os estabelecimentos e psicólogos envolvidos no cuidado de jovens acolhidos objetivam viabilizar os direitos das crianças e adolescentes sob seus cuidados, mantém-se a realização de práticas antiquadas, disciplinares e de um trabalho fragmentado ainda na lógica dos especialismos. Conforme Alberto et al . (2008), o trabalho com adolescentes e crianças institucionalizadas, o profissional da psicologia deve atuar em conformidade com políticas sociais que garantam a proteção integral dos sujeitos. Para isso, é necessário um des- locamento da figura do psicólogo – que abandona a clínica individualizante, para circular através dos diversos espaços pelos quais esses jovens transitam sob as vias da sua institucionalização. Para tanto, constrói-se uma ponte entre instituição de acolhimento, PAAS e demais serviços da rede de São Leopoldo. A passos de formiga pen- sa-se como o cuidado compõe enquanto potencializador destes adolescentes ou como violência às suas existências – aqui incluindo o espaço de psicotera- pia também nesta lógica de ambivalência. Aproximando-nos do conceito de território como um segmento que se sustenta por meio de representações, agenciamentos que permitem a expan- são da vida, que considera os adolescentes não apenas como objetos de prá- ticas e intervenções, mas como sujeitos-autores de suas próprias narrativas. Relacionando esta influência da Análise Institucional, enfatizamos, também, a formação de psicologia e nosso papel como estagiárias no PAAS. Enquanto estudantes de psicologia com críticas frente à lógica institucionalizante que se sobressai e suas consequências perante os sujeitos em questão, nos agarramos a uma breve escrita de Coimbra e Leitão (2003, p. 1): Pensar no trabalho que nós, psicólogos, temos desenvolvido, e pen- sar neste lugar instituído e naturalizado, percebido como ahistórico, neutro e objetivo que nós, muitas vezes, temos ocupado e fortaleci- do: o do saber-poder. Desta forma, pensar a cidadania destes adolescentes, que estão crista- lizados numa lógica institucionalizante como cidadãos passivos é provocá-los no que se refere aos papéis sintomáticos por conta desta posição muitas vezes enclausurante e passar a convocá-los a um novo tipo de narrativas de si pró- prio. Nesse sentido, Amaral (2011) refere que cidadania-enclausurada oferecida pelos mecanismos de proteção do Estado não basta como fonte de qualidade de vida ao somente ser mantenedora de direitos já legitimados. De acordo com Rolnik (1992, p. 14), a conquista da cidadania, quando o que está em questão é o favorecimento da vida em sua potência criadora, “[...] é insufi-

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