Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

Rayra R. Rodrigues, Mariana C. Schneider, Allana G. Mello da Silva, Lígia H. Ferreira e Rosana C. de Castro 39 ção, bem como oportunizar processos de identificação, que relações sejam estabelecidas, assim como reconhecer que espaços de fala e cuidado são de suma importância em tempos de individualismo e redução dos laços. Nesta perspectiva, a escola pode ensinar e permitir a efetivação das garantias de direitos e a construção do sujeito em sua singularidade, tendo receptivida- de às várias formas de expressão da adolescência e de produção de sentido. (DELORS, 2001; ABRAMOVAY; CASTRO; WAISELFISZ, 2015). Sabemos que este não é um exercício fácil para escolas que são constituídas por gru- pos numerosos de alunos o que torna difícil o desenvolvimento de um olhar atento a todos aqueles que a compõem. Mas pensamos que é na parceria de trabalho, na formação e no cuidado de seus profissionais – professores e funcionários em geral – que poderá instalar-se as condições para que nossos alunos não afirmem ou talvez afirmem menos que é como se todo mundo visse a gente horas e horas e não nos percebesse...” 11 Da mesma forma, entendemos que existe a demanda de que a escola possa ser um ambiente em que os conflitos, angústias e ambiguidades tenham espaço e acolhimento, visto ser composta por diversos indivíduos, de diferen- tes faixas etárias e posições de poder, com suas diferentes trajetórias que se cruzam em um propósito e tendo a idealização de que este ambiente funcio- ne como um lugar de inclusão, de convivência das diversidades, de negocia- ção e não somente de exclusão e seleção social. (ABRAMOVAY; CASTRO; WAISELFISZ, 2015). Em concordância com essa perspectiva, também pa- rece fundamental que a escola possa se colocar mais próxima e atuante na relação com as famílias, promovendo que elas próprias tenham papel mais participativo no cuidado de seus filhos através da construção de um ambiente escolar, podendo assim a escola se tornar espaço de encontro e mediação das diferentes gerações. Nas palavras de Kuenzer temos que: Mais do que nunca, o Ensino Médio deverá superar a concepção dual e conteudista que o tem caracterizado, em face de sua versão predominantemente propedêutica para promover mediações significativas entre os jovens e o conhecimento científico, articulando saberes tácitos, experiências e atitudes. Essa mudança é imperativo de sobrevivência num mundo imerso em profunda crise econômica, política e ideológica, em que a falta de alternativas de existência com um mínimo de dignidade articulada à falta de utopia, tem levado os jovens ao individualismo, ao hedonismo e à violência em virtude da perda de significado da vida individual e coletiva. (KUENZER, 2000, p. 38). 11 Fala trazida por um adolescente durante o processo de Análise Institucional realizado na escola a que este trabalho faz referência.

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