Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
Rayra R. Rodrigues, Mariana C. Schneider, Allana G. Mello da Silva, Lígia H. Ferreira e Rosana C. de Castro 37 esta faixa intermediária a ser percorrida, ampliando o tempo de transição para o mundo adulto. Tempo este de moratória na medida que os jovens ficam alienados a uma vida quase sem responsabilidades e talvez, possibilidades, em um longo tempo de espera. No entanto, esta experiência do adolescer não pode ser pensada como universal, pois tampouco é possível uma vivência única desse período a todos os jovens de nosso país. (SCHERER; DILLIGENTI; ARAUJO, 2018), primeiro por assumirmos que os processos de subjetivação são singulares, depois por saber da existência daqueles que, apesar da idade, já se enxergam assumindo responsabilidades e tarefas adultas com doze ou treze anos, como é o caso de alguns jovens de periferia que se encontram à margem e que, pelo não acesso às políticas públicas acessam ou são acessados pelo tráfico de drogas. Então, como uma atitude ética e política, compreendemos como necessário fazermos uma distinção da realidade dos jovens que estão no trá- fico ou com a responsabilidade de cuidar de uma família e, aqueles que estão amparados pelo Estado, por uma família, instituição ou responsáveis que lhes oferecem a possibilidade de estudar, estar em suas casas, circular pelas cidades e viver esta operação psíquica de tornar-se adulto. A produção de subjetividade na adolescência e o papel da escola contemporânea Sabemos que a escola é um espaço institucional de produção de sub- jetividades e modos de viver e portanto, um espaço de formação de laços sociais, aprendizados, convivência comunitária, bem como de produção de sofrimento psíquico e de exigências difíceis de serem vividas pelos adoles- centes. Percebe-se uma série de atravessamentos da contemporaneidade neste processo de sofrimento institucional, partindo de um reconhecimento em uma sociedade imersa a uma configuração de reprodução de encomendas feitas pela lógica de desempenho, como chamado por Han (2015). Para o autor, diferente da sociedade disciplinar em que são delimitados espaços e proibi- ções, a sociedade do desempenho amplia a positividade e motivação enquan- to instrumento de imposição social de obediência a si próprio, uma autoex- ploração, um excesso que leva o sujeito ao esgotamento ao ser capturado pelo imperativo de individualismo e competitividade, assim a falácia do discurso hiperativo acaba por resultar na produção de sofrimentos advindos da sensa- ção de fracasso, visto não ser possível dar conta das expectativas e promessas publicitárias. (HAN, 2015). A partir da nossa entrada na escola, colocamo-nos a ouvir os jovens sobre tais expectativas e sobre os modos hegemônicos de viver no contem- porâneo. Os jovens relatam a dificuldade de viver em um mundo adulto que
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