Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
Allana Gessiele Mello da Silva, Cristina Lima da Rocha Cannas e Lígia Hecker Ferreira 19 relações contemporâneas, oportunizando que a noção de coletivo e o contato com a multiplicidade auxiliassem a desconstruir falsas dicotomias entre sujei- to e grupo, indivíduo e sociedade, técnico e equipe, equipe e rede. Objetivávamos deslocarmo-nos, coordenadores e participantes, do lugar intimista e privatista em que somos colocados, em direção a experiên- cias de alteridade, cooperação, buscando ativar aquilo que acreditamos ser- mos capazes de produzir com o outro. Apostávamos, além disto, que esta experimentação grupal poderia auxiliar os trabalhadores a ultrapassarem a lógica da individualização representada pela disciplinaridade, pela fragmenta- ção do objeto e pela crescente especialização, e instrumentalizá-los – e a suas equipes – para uma visão ampliada e transdisciplinar, que permitisse viver o trabalho em relações de rede, legitimando tecnologias diferenciadas, promo- toras de autonomia e íntima coalizão com o coletivo. Daí partimos para a proposição de intercalar/sustentar a discussão teórica tomando como questão os casos do cotidiano dos serviços. Aqueles que trazem interrogantes e desafios aos serviços e que acabam escondidos em zonas de sombra , desassistidos pela rede por não se enquadrarem nos critérios de atendimento . Nesse sentido, trouxemos para este espaço aquilo que no dia-a-dia se apresentava como o impossível de darmos conta, casos que de certa forma imobilizavam o trabalho da rede. O processo possibilitou que alguns traba- lhadores se deslocassem destas posições disponibilizando-se a ensaiar alguns passos em direção a pensar junto e construir hipóteses e possíveis ações fren- te aos casos colocados. Esta escolha pela discussão do que a rede costuma denominar como casos difíceis , entretanto, situou no espaço do seminário, em alguns momentos, a atualização de certa lógica acusatória e de desresponsabi- lização entre serviços, o que foi possível ser colocado em questão com vistas ao fortalecimento de ações visando ao cuidado compartilhado. Uma sustentação para intervir: ampliando potências e parcerias A primeira edição do Seminário encerrou-se, em dezembro de 2018, com uma avaliação positiva com relação ao potencial deste espaço. Como contrapartida à certificação dos participantes, além de uma frequência míni- ma nos encontros, estava acordada a apresentação de projetos de intervenção a serem implementados em cada serviço correspondente. O início de 2019 foi, então, um tempo de definirmos pela construção de uma nova edição do seminário em formato de estudos e discussões, com a composição de um grupo com outros participantes ou pela continuidade do mesmo grupo, vi- sando à implementação dos projetos construídos. Entendemos estes projetos como importantes dispositivos para dar concretude, visibilidade e continuidade ao seminário, assim como para co-
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