Redes: construções coletivas com um serviço escola
Ensino em serviço - um cotidiano de encontros 86 que estas atividades são desenvolvidas articulando as insti- tuições formadoras e os serviços de saúde, já que o espaço pedagógico vai além da sala de aula, caracterizando-se em ce - nários reais de trabalho onde se processam as vivências e as responsabilidades compartilhadas entre docentes, discentes, profissionais do serviço, gestores e comunidade (BALDOI - NO; VERAS, 2016, p. 18). Trata-se, assim, de um desafio que nestas últimas décadas vem sendo vivido pela saúde em diferentes e articulados flancos. É um movimento de mudança de paradigmas. Uma prática de (re)existên- cia a um sistema de mercantilização e privatização da saúde. Enfren - ta forças contrárias significativas a partir das profissões instituídas e mesmo até das perspectivas educacionais tradicionais que precisam abrir-se a novas e criativas formas de fazer. A formação para a área da saúde deveria ter como objetivos a modificação das práticas pro - fissionais e da própria organização do trabalho, e organizar-se a partir da problematização dos processos de trabalho e sua habilidade de dar acolhimento e cuidado às várias dimensões e necessidades de saú- de das pessoas, dos coletivos e das populações (CECCIM; FEUER- WERKER, 2004). Neste sentido é possível sustentar que uma das grandes ques- tões colocadas pelo ensino em serviço é que confere ao processo de formação um caráter de encontro, de produção conjunta, de “formação” em ato. De acordo com Merhy (2002), o trabalho em saúde é centrado no trabalho vivo em ato, que não pode ser globalmente capturado pela lógica do trabalho morto, expresso pelas tecnologias duras de conheci- mentos prévios estruturados e também pela densidade tecnológica de equipamentos. Afirma ainda que o ato clínico em saúde está impregnado por tecnologias relacionais, os encontros entre subjetividades portam um grau de liberdade significativa nas escolhas do modo de fazer esta pro - dução, implicando em uma imprevisibilidade, sendo este, o trabalho vivo em ato (MERHY, 2002). Desse modo, é um espaço aberto à exploração de potências nele inscritas, em iminência com a ação de dispositivos dis- paradores de desvios para novas subjetivações e reinvenções do agir em saúde. É nesse contexto de produção de saúde viva em ato que a inte - gração ensino-serviço se dá; com a mesma potência, o conhecimento é produzido em ato, utilizando-se dos saberes já estruturados na ciência, dos conhecimentos dos trabalhadores locais, os quais mesclam esses co-
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