Redes: construções coletivas com um serviço escola
Rosana Cecchini de Castro, Luise Peter e Nelson Eduardo E. Rivero 83 Assim, a implantação de um sistema que necessita de uma formação profissional que não prescinde do conhecimento técnico, mas que sobrevaloriza as condutas éticas e políticas, constitui-se desde sua implantação em uma grande força ten- sionadora do trabalho e da vida no campo da saúde. Pode-se dizer que, desde sua concepção e princípios, o SUS tem sido um campo exemplar das novas configurações da imateriali - dade do trabalho e do que se anuncia para o século XXI. (RIVERO, 2010, p. 150). Pois é deste lugar que este texto vem falar, de quem tem aco- lhido o desafio de pensar e desenvolver condições para uma formação implicada com uma prática profissional voltada às políticas de saúde no Brasil. As experiências mais recentes do encontro de formação vivido em São Leopoldo entre a rede de atenção à saúde, a Prefeitura Munici- pal e a UNISINOS, aqui no recorte das ações do PAAS – seu Serviço- -Escola –, comporão nossa trajetória. POLÍTICAS PÚBLICAS, SAÚDE COLETIVA E FORMAÇÃO Desde a década de 1970 são muitos os marcadores de um mo- vimento importante de mudança de paradigma e de deslocamentos po- líticos na área da saúde. Foi um momento histórico de afirmação da atenção primária à saúde como uma prática central e fundamental na instituição de políticas e sistemas de saúde. No caso da saúde, o debate sobre as suas relações com o desenvolvimento econômico e social que marcou a década de sessenta amplia-se, nos anos setenta, para uma discussão sobre a extensão de cobertura dos serviços. O reconheci- mento do direito à saúde e a responsabilidade da sociedade em garantir os cuidados básicos de saúde possibilitam o es- tabelecimento do célebre lema “Saúde para Todos” (PAIM; ALMEIDA FILHO, 1998). A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários em Saúde realizada em Alma Ata em 1978 é um dos marcos deste movi - mento de reconhecimento da saúde como um direito, a participação do cidadão no planejamento e execução de políticas, da assistência da saú- de como um campo interprofissional e em sistemas integrados, assim como o fortalecimento da atenção primária como grande promotora da saúde da população.
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