Redes: construções coletivas com um serviço escola

Ensino em serviço - um cotidiano de encontros 82 UM INÍCIO... A RUA COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM As manhãs sempre trazem desafios para quem caminha entre as ruas de uma comunidade na periferia de São Leopoldo-RS. Não se trata de enfrentar necessariamente a hostilidade ou conviver com o tráfico de drogas, embora também estejam presentes, mas sim dos desafios que a presença na rua, a sua presença em uma Unidade Básica de Saú- de, o contato com realidades de vida diferentes da sua, a percepção de que somente a reprodução técnica ou a assertiva diagnóstica não são suficientes – entre outras coisas – que a experiência de aprender fazen - do trazem para a formação na área da saúde. O espaço da comunidade, da rua, das casas e seus habitantes desafiam a concepção tradicional de um setting de atendimento, um consultório de paredes fechadas que, por vezes, durante muito tempo povoou desejos e se apresentou como o lugar ideal de atendimento para aprendentes/profissionais da saúde. A necessidade de relacionar - -se com as equipes, as diferentes formações e os diferentes profissio - nais fazem com que se afirme a profissão como longe de uma prática solitária, protegida, mas sim como um exercício de encontro, de cons- trução com as diferenças – muito mais interessante. embora muito mais exigente. O contato com pessoas, realidades diferentes, para além de simples conhecimento dos espaços domiciliares, são vivências que des- locam certezas, tensionam paradigmas e desnaturalizam concepções morais. Talvez estes poucos fatores sejam exemplos das razões porque se busca articular contemporaneamente ensino e serviço. Há necessi- dade de ampliar o horizonte de vida, ou seja, precisamos de profissio - nais com mais capacidade de perceber o mundo para além dos seus princípios, precisamos de práticas de saúde que extrapolem os limites da doença e encontrem potencialidades de saúde nas pessoas e nas condições em que vivem. A formação voltada para o Sistema Único de Saúde no Brasil, com suas características de formação permanente, de ensino em serviço, de práticas multiprofissionais desde há muito tempo exige uma forma mais comprometida com as políticas de saúde, com as políticas da vida e esperam das instituições formadoras que estejam sensíveis e engajadas nesta transformação.

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