Redes: construções coletivas com um serviço escola

A experiência de coordenação de um grupo de adolescentes 74 conversamos sobre as implicações de compartilhar algo seu com o gru- po. Essa intervenção, por meio do dispositivo da música, produziu um efeito diferente. A sensação que ficou é que eles se sentiram acolhidos, pertencentes, de alguma forma foram ouvidos nas suas singularidades e seus modos inventivos de ser. O grupo cria certas formas de ser, bem como dá significados a isso. Isso sustenta a tensão de inventar-se em sua singularidade e em seu atravessamento sócio-histórico-institucional (FERNÁNDEZ, 2002, p. 176). VI Um aspecto importante da ação do Grupo de Adolescentes no PAAS é a supervisão, que acontece em dois momentos. Em um pri- meiro momento, temos a Oficina de Coordenadores, que é um espaço interdisciplinar no qual os diferentes coordenadores e grupoterapeutas do Serviço reúnem-se na intenção de estudar e compartilhar as expe- riências de coordenação, debater casos, constituir um grupo, etc. Este espaço se constitui em uma vivência de grupo também para as estagiá- rias e estagiários. Em um segundo momento, a supervisão ocorre com cada du- pla de terapeutas, procurando trabalhar as especificidades do processo de cada grupo. Considerando que nos encontramos em um contexto de formação, ela se fez fundamental para que recebêssemos o supor - te de uma profissional experiente e construíssemos algumas diretivas de trabalho em relação ao grupo. Também o espaço de supervisão se constituiu em um momento de ruminação da experiência, um espaço de lentidão para que pudéssemos pensar juntos, compartilhar os trope- ços, as surdezes e cegueiras, mas também as descobertas e encontros construindo sentidos para os acontecimentos que nos acometiam na posição de terapeutas do grupo. Como supervisora também foram colocando-se questões, não saberes, dúvidas que, compartilhadas, me convocam a seguir pensan- do, a ensaiar hipóteses e caminhos a percorrer constrangendo-nos a pensar aquilo que ainda não havíamos pensado. E assim como este texto se construiu em aforismos ou fragmentos, também foi nosso processo de coordenação: cada encontro é um fragmento que não se encerra em sua ordem cronológica, nunca cessa de gerar intensidades e sentidos.

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