Redes: construções coletivas com um serviço escola

A experiência de coordenação de um grupo de adolescentes 70 O grupo atual deu início ao seu processo no semestre 2017/2. Os encontros eram semanais, com duração de 1 hora, sendo realiza - dos em uma sala do serviço, com adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 14 e 16 anos. Os adolescentes chegaram em di- ferentes momentos no grupo, com demandas e encaminhamentos singulares, visto que o grupo inicia com três adolescentes e por dois meses alguns saem e outros chegam ficando o grupo em sua maior parte do tempo com três adolescentes. Atualmente está com seis, o que aponta também para algo que temos nos deparado, que é a constituição de um grupo terapêutico. Apesar da grande demanda de atendimento dos adolescentes, não é simples de constituir tal grupo. Existem desistências e resistências, seja deles ou de suas famílias ou instituições onde estão acolhidos. Muitas vezes, os jovens chegam ao Serviço através da demanda de seus pais/responsáveis e/ou da escola que enumeram sua dificuldade de compreendê-los, cuidá-los, comunicarem-se enfim acolherem suas angústias e sofrimentos. Ou quando eles pedem por atendimento e elegem o grupo por vontade deles e nós deparamo-nos com a resistência dos pais/responsáveis ao atendimento grupal com o argumento de que não seria este dis- positivo tão eficaz ou ainda com a ideia de que querem privacidade para falar do que lhes acomete. Desta forma, temos procurado trabalhar cada vez com mais cuidado e acolhida aos adultos a oferta deste dispositivo clínico, já que observamos, no trabalho com os adolescentes, os potentes efeitos de subjetivação. III A partir da busca por uma sustentação teórica e um posicio- namento mais aberto em relação ao grupo, podemos afirmar, como já anunciamos inicialmente, que há uma reconfiguração quanto ao lugar que tradicionalmente os grupoterapeutas assumem. Não nos interessa assumir a posição de detentores da verdade, interpretando os aconteci- mentos do grupo e seus possíveis significados. Fernández (2002) pon - tua que um acontecimento não representa e nem expressa. Ele não é denador do Acolhimento, a fim de que se possa, desde já, constituir um vín - culo com o usuário em potencial. Ao escutarmos os adolescentes, têm sido recorrente suas demandas de irem para um grupo ao invés do atendimento individual

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