Redes: construções coletivas com um serviço escola
Cássio Mattiello Alves, Jonas Fernando Müller Filho e Lígia Hecker Ferreira 69 II A adolescência pode ser entendida como um extenso espaço de tempo no qual ocorrem o desligamento da infância e a preparação para a vida adulta (CORSO; CORSO, 2018, p. 11). Os adolescentes se põem em questão, trazem demandas existenciais significativas e falam sobre suas histórias de vida de forma crítica. Seus sofrimentos, dúvi- das, sonhos, incertezas surgem nos discursos, nos olhares, no silêncio. O ambiente e o vínculo presentes no grupo favorecem que os parti- cipantes se sintam acolhidos o suficiente para que seja assim. Grupo que constrói um plano comum onde singularidades podem se atualizar, saindo da pasteurização massiva da subjetividade produzida em série um a um, individualizadamente (CRUZ, 2008, p. 6). A ação 6 do grupo de adolescentes já vinha funcionando nos semestres anteriores. Porém, durante o processo anterior, o grupo foi se esvaziando e os participantes deixaram de comparecer ao final do semestre. Desde o começo surgiu o desafio de retomar o grupo, conta - tando os adolescentes que haviam participado anteriormente, e convi- dando aqueles que ainda tinham interesse no grupo para retomá-lo. Por fim, nenhum daqueles que manifestaram desejo de retornar puderam fazê-lo, em função do horário no qual o grupo acontecia ou mesmo porque já não lhes fazia mais sentido retornar. Portanto, era necessário propor ao Acolhimento 7 que pudesse acolher 8 alguns adolescentes. uma produção, portanto não se pretende estabelecer um caminho linear para atingir um fim.Mas poder desenhar a rede de forças em que o objeto ou o fe - nômeno em questão se encontra conectado, procurando perceber e considerar suas modulações e seu permanente movimento. É sempre um método ad hoc (KASTRUP; BARROS; KASTRUP). 6 No PAAS, as estratégias de ação se dividem entre os projetos que, por sua vez, se dividem nas ações. A ação do grupo de adolescente faz parte do Projeto Clínica Grupal Cartográfica, que faz parte das Práticas Clínicas do serviço en - quanto estratégia. 7 Uma ação continuada do PAAS através da qual as pessoas que fizeram cadastro solicitando atendimento no serviço são chamadas e acolhidas de forma grupal. Quando há adolescentes, o acolhimento é feito primeiramente com os cuida- dores e, durante o processo, que são de três a quatro encontros grupais, há um encontro somente com os adolescentes. 8 Os adolescentes entram no serviço através do Acolhimento. À medida que se percebe que os atendimentos grupais são uma possibilidade de encaminha- mento para eles, realiza-se um dos encontros de acolhimento com os mesmos, coordenado por um terapeuta do grupo de adolescentes e um estagiário-coor-
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