Redes: construções coletivas com um serviço escola
A experiência de coordenação de um grupo de adolescentes 68 A vida imita o vídeo Garotos inventam um novo inglês Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez Nós Somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter (Engenheiros do Hawaii, 1988) I Poder-se-ia iniciar um texto que aborda a experiência de ser/se constituir grupoterapeuta de adolescentes com definições quanto ao que seria um grupo e o que seria a adolescência, até por presumir-se que, de- pois de um ano ocupando a posição de terapeutas, teríamos alguma ideia ou alguma verdadeira definição sobre o assunto. Entretanto, tendo pas - sado por tal experiência, afirmamos que nenhuma definição poderia dar conta e encerrar a pluralidade de sentidos envolvidos em ambas experiên- cias. Em um primeiro momento, discutimos sobre o formato e os contor- nos que daríamos ao grupo 4 . Um dos pontos que mais se destacou foi o desejo de realizar uma construção coletiva que fosse o máximo possível aberta às deliberações do grupo, entendendo que nós, terapeutas, também dele fazemos parte, considerando a diferenças em nossas posições. Ain - da além, diríamos que, na experiência de coordenação, nossa posição foi justamente na direção de possibilitar a ampliação e multiplicação desses sentidos. Não se trata de afirmar a impossibilidade de se operar algumas definições conceituais, mas de uma mudança de postura ética em relação a todo e qualquer conceito e em relação ao outro. Ao invés de utilizá-los para encerrar possibilidades na tentativa de se chegar a uma verdade, bus- camos utilizá-los como matéria para o pensamento voltado à diferença, expandindo a potência de vida e as possibilidades existenciais daqueles que compõem os encontros. Para tanto, a experiência e a experimentação constituíram componentes importantes para o grupo, sendo que busca- mos não nos apoiar teoricamente em proposições que assumem um cará- ter prescritivo quanto a como se deve proceder frente às situações que se apresentam, mas trabalhar numa perspectiva cartográfica 5 . 4 O grupo de adolescentes começa a apresentar sinais de sua concretização com a consolidação da parceria entre os coordenadores/terapeutas Jonas e Cássio para essa ação, sob supervisão e orientação da professora Lígia. 5 Cartografia é um método construído por Gilles Deleuze e Felix Guattari que visa acompanhar um processo e não apresentar um objeto, que busca investigar
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