Redes: construções coletivas com um serviço escola

Canoagem para além do esporte: relato de experiência de um trabalho direcionado ao desenvolvimento pessoal dos atletas 54 torcida e, principalmente, com expectativas internas. (DO AMARAL MACHADO et al., 2016). Para isso, é preciso ter autoconhecimento e cuidado consigo, reconhecendo limitações e potencializando com - petências. No contexto esportivo, são essenciais as habilidades sociais e as interações sociais, uma vez que grande parte dos esportes são em grupo e o atleta necessita se adaptar ao meio (LAVOURA; BOTURA; MACHADO, 2006; DIAS; TEIXEIRA, 2006). No livro “Redes: força de produção em um serviço escola”, da série Cadernos do PAAS, volume 4, Cisilotto et. al. (2017) já reali- zaram uma breve apresentação do projeto Canoagem com o foco no efeito do grupo na redução da ansiedade dos atletas, que era a princi- pal demanda daquele momento. Muitos estudos abordam a ansiedade como foco principal de apoio a atletas (DO AMARAL et al., 2016; SONOO et al., 2010; GONÇALVES; BELO, 2007) e, em alguns momentos, no grupo que originou este relato, ainda se trabalha este tema. No entanto, o presente relato tem como objetivo apresentar outro ponto também muito importante a ser contemplado junto aos atletas: um olhar sobre aspectos para além do esporte. Neste sentido, diante do contato com a equipe, percebe-se a necessidade de desen- volver outras partes da vida do atleta, que muitas vezes ficam em segundo plano ou até mesmo esquecidas por eles e por quem trabalha com esse público. Os atletas entram no mundo esportivo por diversos fatores. Samulski et al. (2009) realizaram um estudo com seis ex-atletas de alto nível das modalidades de ciclismo, futebol, natação, tênis e voleibol, e apresentaram os motivos que levam as pessoas a iniciarem uma carreira esportiva, entre eles estão a saúde, o bem-estar e o prazer, com incenti - vo principalmente da família e da escola. Em outro estudo desenvolvi- do com 189 atletas de futebol, estes afirmaram sentir falta de atividades de prazer como ficar com a família, namorar, sair com os amigos, entre outros. (MARQUES; SAMULSKI, 2009). Percebe-se que a vida social do atleta, fora do ambiente esportivo, é identificada por pesquisadores, porém ainda pouco discutida. Neste contexto de olhar a vida do atleta para além da prática esportiva, outro ponto destacado por Samulski et al. (2009) é que a maior parte dos atletas não tiveram planejamento de carreira, e a tran- sição de carreira de dois deles foi a partir de ganhos incertos, sendo que

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