Redes: construções coletivas com um serviço escola

Maria Luíza Flores Cruz Aldana, Paola Gomes Acosta, Letícia Fagundes Machado, Michele Scheffel Schneider, Rosana Cecchini de Castro, Paloma Teodoro do Rêgo, Thatielli Feiffer e Aline Scheibel 49 É na superfície que se desenham as relações. A superfície é montada, portanto, pelas relações que os corpos criam entre si. De um corpo, o que se pode saber, é aquilo que se expres- sa no encontro. O que se produz na superfície é da ordem de incorporal, da ordem do acontecimento, extra-ser que não é ser, mas uma maneira de ser. A superfície é, então, superfí- cie de inscrição, inscrição de acontecimentos. Não um lugar povoado de falas, atos com significados a serem descobertos, para enfim encontrar um “oculto”, “escondido”, “latente” mais profundo (BARROS, 2007, p. 297). A autora expõe como é na superfície que está a maior po- tência e via de mudança do sujeito e não necessariamente em en- contros individuais ou grupos psicoterapêuticos a longo prazo. Não desconsiderando estas outras abordagens, que também apresentam sua importância e necessidade, mas sim considerando e reconhecen- do como um único encontro tem força e potência, quando os sujeitos são escutados. A escuta é fundamental para aqueles que trabalham com pes- soas, em diferentes contextos. Entendemos que a escuta do desejo como forma de autoconhecimento e ampliação da consciência permite a construção de relações com mais qualidade, respeito e trocas afeti- vas. Buscamos em Winnicott (1965) algumas reflexões, especialmente quando ele descreve sobre as consultas terapêuticas e a importância de atendimentos cujo tempo é um encontro. Para o autor, não se trata de realizar um atendimento com a técnica psicanalítica clássica, mas, diante da gravidade de algumas situações, “uma mudança sintomática rápida é preferível a uma cura psicanalítica, ainda que se preferisse a última” (p. 244). Lescovar (2008), seguindo os pensamentos da obra Winnicottiana, afirma: As consultas terapêuticas são fundamentalmente o ofereci- mento de um encontro essencialmente humano, em que o psicoterapeuta se coloca em tempo, em espaço e em dispo- nibilidade pessoal ao próprio movimento de busca de auxílio do paciente (p. 23). CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho junto à Vara da Violência Doméstica, do município de São Leopoldo, nos colocou diante de um número alto de mulheres

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