Redes: construções coletivas com um serviço escola

Maria Luíza Flores Cruz Aldana, Paola Gomes Acosta, Letícia Fagundes Machado, Michele Scheffel Schneider, Rosana Cecchini de Castro, Paloma Teodoro do Rêgo, Thatielli Feiffer e Aline Scheibel 43 Parte-se do entendimento do acolhimento como uma ação de aproximação, de “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão, entendido como uma das diretrizes de maior relevância ética, estética e política da Política Nacio- nal de Humanização do SUS. No ano de 2016, as estagiárias de psicologia inseridas na ação compareciam às audiências, identificando a situação de sofrimento vi - venciada pelas mulheres e ofereciam a possibilidade de, após finaliza - do esse momento, realizarem escutas individuais. Como sequência, era ofertada às mulheres a possibilidade de retornar para uma nova escuta, derivando daí a perspectiva de constituição de um grupo de mulheres, o qual seria realizado no PAAS. Tal grupo, entretanto, não chegou a cons - tituir-se, uma vez que as mulheres, mesmo manifestando desejo pelo es - paço, não se mantinham no grupo. Não obstante, as escutas individuais se mantinham e eram cada vez mais utilizadas. Em 2017, com essa parceria mais fortalecida e o trabalho cada vez mais consistente, fomos sentindo a necessidade de ampliá-lo para além da sala de audiências. Identificamos que as mulheres costumavam chegar com certa antecedência e que ficavam aguardando nos corredores do Fórum. Estavam vivendo situações semelhantes, porém, por não se conhecerem, não interagiam. Percebemos que a maioria delas estava atra- vessada pelo medo, que transparecia através do seu olhar e postura corpo- ral. Diante disso, entendemos que esse poderia ser um momento potente para organizarmos um acolhimento em formato de “Sala de Espera”. Um novo trabalho passou a ser realizado, possibilitando que, de forma grupal, estas mulheres pudessem pensar sobre sua condição, encaminhar algumas questões práticas, trocar informações sobre ser- viços de atendimento na rede de São Leopoldo, construir laços que as estimulassem a um maior discernimento e, como consequência, fortale- cimento para enfrentar a violência na qual estavam inseridas. A atividade segue em 2018, sendo que, a cada semestre, ela é ava- liada pela equipe de trabalho (juíza, supervisoras da ação e estagiários do PAAS), que repensam a prática, ampliando-a conforme a necessidade. DA “SALA DE ESPERA” AO “GRUPO DE ACOLHIMENTO”: A AMPLIAÇÃO DA ESCUTA Inicialmente a Sala de Espera foi pensada como um espaço in- formativo, ou seja, a necessidade da troca de informações como meio de

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