Redes: construções coletivas com um serviço escola

Aline Muniz e Carlos Eduardo Mello 29 que é necessário estarmos atentos às forças, aos movimentos que inter- ferem nos processos, sejam estes de paralisia, de potência, tanto nossos quanto dos usuários. Nas palavras da autora, Romagnoli (2006, p. 54): (...) clinicar não passa por buscar organizações lógicas e abs - tratas cada vez mais complexas e coerentes para fazer valer nossas posições, mas sim por sustentar a diferença, que sem- pre nos traz a alteridade e, consequentemente o social, usan - do exatamente nosso conhecimento como suporte. Por último, mas não menos importante e constitutivo da práti- ca, é importante marcar o exercício de trabalhar de forma interprofis - sional e pensar de maneira interdisciplinar. O deslocamento nos lugares de poder proporcionados pelo protagonismo esperado do usuário no seu processo de cuidado também acontece de forma desafiadora na direção das relações profissionais. Também aqui são demandadas com - petências que estão presentes na prática profissional da Psicologia e que passam a compor o comum das ações em saúde: escutar o outro; disponibilizar-se aos deslocamentos, experimentar outra lógica, consti - tuir um campo de encontro ético e político. Enquanto o projeto disciplinar, com ênfase na formação com uma única área profissional, distingue, privilegia e consagra, em outra perspectiva, a formação interprofissional – e mais ainda, quando os efeitos são transdisciplinares – recombina, engendra e agencia. Isto não implica, entretanto, em uma perda de rigor – talvez se perca aquele rigor da rotina metodológica em que fica ressaltada a natureza ritualística –; é invocado um rigor de outra ordem, agudo na bricolagem em que a exigência é ético-política-tecnológica (HENZ et al. 2013, p. 164). Poder experienciar uma Psicologia que precisa ser afirmada na relação do diferente, aqui especialmente na diferença disciplinar, pro- fissional é fundamental para uma formação politicamente competente e sempre aberta à criação. Dar espaço aos afetos presentes nestas rela- ções nos permitiram manter uma análise crítica sobre nós mesmos, a valorização das especificidades da Psicologia e a coragem de misturar - -se a um fazer que também precisamos valorizar e criticar. Portanto, as experiências junto aos projetos de inserção na Rede de Atenção Básica proporcionados pelo PAAS foram vivências de produção. Sem desqualificar a necessidade da excelência técnica, são

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