Redes: construções coletivas com um serviço escola

O fazer psi na atenção básica: experiências interprofissionais 28 Reis e Guareschi (2010), a psicologia, ao se constituir como uma ciên- cia que possui métodos e técnicas de avaliação, descolada das questões históricas e sociais, provoca um distanciamento do psicólogo das polí- ticas públicas. A própria formação em psicologia ainda é muito pauta- da no modelo de clínica individual, do profissional liberal que atende uma clientela de classe média. Em razão disso, por vezes é tão difícil imaginar intervenções no campo da atenção básica que não sejam se- melhantes ao modelo hegemônico da clínica. Por isso, as práticas no território, interdisciplinares deslocam tanto. É preciso agenciar nesses espaços outros modos de fazer psicologia. Ainda, conforme as autoras Reis e Guareschi (2010, p. 866): Fala-se aqui de um profissional (não isento) inundado de subjetividades, (não separado) misturado à ação política, que (não se distancia) se aproxima dos sujeitos a ponto de, muitas vezes, conhecer o cheiro de suas casas, que entende que as técnicas e instrumentos devem ser colocados a favor de sua práxis e que não deve se tornar escravizado por eles. Contudo, também devemos questionar nossas práticas, quando estas assumem uma postura assistencialista, de querer ajudar uma de- terminada população dizendo a ela o que é bom ou não, despotenciali - zando a capacidade de organização desses sujeitos em reconhecer suas próprias necessidades e reivindicá-las (ANDRADE; MORATO, 2004). A atuação das/dos psicólogas/os na atenção primária é permeada de desafios, pois a perspectiva do trabalho escapa o modelo individual de “sessão de terapia”. É notória a crescente inserção da psicologia em po - líticas de cuidado do SUS, mas essa presença implica formas diferentes de trabalho (DIMENSTEIN; MACEDO, 2012). O fazer clínico precisa estar atrelado ao seu tempo, conforme nos indica a autora Romagnoli (2006). Dito isso, a autora ainda nos convoca a pensar em uma clínica do social, indissociada das questões contemporâneas, inventiva que transborde para além de normatizações e processo adaptativos. Não se trata de o espaço de acolhimento ser público, ou em uma clínica privada, ou a sala da casa do usuário; tra- ta-se de uma prática clínica ética, compromissada com a potência dos sujeitos. Romagnoli (2006) nos inspira a questionarmos sobre o que nos faz terapeutas, transpondo nesse sentido as técnicas e teorias, mas indo ao encontro do acontecimento, do acaso. Ainda a autora destaca

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