Redes: construções coletivas com um serviço escola

Aline Muniz e Carlos Eduardo Mello 27 possuem fora do setting terapêutico, seja ele qual for. No espaço clínico, estamos em contato com modos de subjetivação que buscam, de algu- ma maneira, criar alternativas de retificação. Isso significa que o fazer clínico é também um fazer político, uma vez que ele é transformador. Não há como se propor saúde sem minimamente conhecer o campo social em que se está. Nascimento, Manzini e Bocco (2006, p. 15) re - fletem sobre a formação em psicologia ainda fortemente alicerçada na “neutralidade científica”, criticando o modelo de prática profissional que não põe o seu fazer em análise, que julga ter métodos prontos e discursos universais sobre os sujeitos. Participar de atividades como essas possibilitadas pelo estágio, em locais de vulnerabilidade social, falam de um movimento de apren- der a fazer junto com os sujeitos, em que não há roteiros prévios: a construção é feita no coletivo. Dessa forma, foi necessário que nos despíssemos de um suposto saber teórico-técnico e nos aventurásse- mos na construção de um plano de saúde que levasse em consideração as possibilidades de cada sujeito. Para realizar esse trabalho foi preciso que acreditássemos na possibilidade de ajudarmos cada usuário a ter autonomia no seu processo. Ir para o território sem um fazer pensado a priori, não significa que vale qualquer coisa, pelo contrário, há um compromisso ético no que se propõe fazer, e se valoriza muito o que acontece. Para Moreira, Carvalho e Oliveira (2007) o desafio está em se deslocar dos lugares comuns, aprendendo e construindo formas de se produzir cuidado. É entender que o trabalho está permeado pelo ines - perado, pelos movimentos que são da vida, de não somente procurar entender o que deu certo, ou deu errado, nas intervenções, mas olhar para o que está acontecendo. Inspiramo-nos nas palavras dos autores Diehl, Maraschin e Tittoni (2006, p. 410), sobre suas vivências de está- gio e supervisão, pela perspectiva da psicologia social: Trata-se de olhar como se fosse a primeira vez para tudo isso que construímos e em que estamos imersos, não de forma anárquica, mas guiados pelos pressupostos éticos que apon- tem para a possibilidade de habitarmos um espaço mais justo, onde o saber não sirva apenas para a dominação e manuten- ção do status quo. Destacamos nesse aspecto o que já trouxemos a respeito do ca- ráter político que precisa ser colocado nas práticas psi . De acordo com

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz