Redes: construções coletivas com um serviço escola

O fazer psi na atenção básica: experiências interprofissionais 26 família composta pela senhora Bete, seus filhos Luís e Roque, sendo que esse último não reside junto da mãe e do irmão. A família é bas- tante extensa, mas na casa residem Bete, que tem 82 anos, Luís com 48 anos e Jacob de 55 anos, que não conhecemos pessoalmente, pois ele trabalha durante o dia. Bete depende do cuidado dos filhos para se locomover, pois desde que sofreu uma queda e fraturou o fêmur não conseguiu mais caminhar. Ela recebe atendimento domiciliar da fisioterapia por uma estagiária do curso da UNISINOS, porém em outro dia da semana. Luís é o cuidador principal de Bete, pois está desempregado e, portanto, assumiu os cuidados de sua mãe. Ele pos- sui diabetes e toma medicamentos para controlá-la, mas não realiza controle glicêmico. A família deseja com nossas visitas domiciliares, que possamos auxiliar a senhora Bete a perder peso, para que consiga, dessa forma, voltar a caminhar. A segunda família a ser visitada foi de um casal, juntos há 42 anos. Ela é quem nos recebe na primeira visita, contando estar bas- tante agradecida por ser atendida por nós, pois sofre de depressão e ter atendimento domiciliar da psicologia é muito importante para ela. Logo nesse primeiro momento, já ressaltamos que o caráter das visitas domiciliares não era de se realizar psicoterapia, mas sim um acompa - nhamento familiar, sendo trabalhadas questões relacionadas ao cuidado em saúde de forma mais ampla. Também combinamos que esse acom- panhamento seria até o final do semestre, podendo ser continuado no semestre seguinte se houver interesse da família e necessidade, avaliada em conjunto com a equipe. A usuária relatou, em nossa primeira visita, sobre a perda de sua única filha, falecida há 11 anos, durante o parto de sua segunda neta, que também não resistiu. Essas experiências de estágio – que nos propomos a compar- tilhar através desta escrita – nos permitiram experienciar e ensinaram que atuação psi e política, são atividades intrínsecas. Nesse sentido, vi- venciamos uma outra clínica possível que extrapolou os “espaços for- mais” de escuta e ganhou as ruas e as casas dos sujeitos com os quais convivemos naquele período. Não importa em que lugar ou espaço o ato clínico aconteça, seja no âmbito privado ou público, numa relação dialética (MOREIRA; CARVALHO; OLIVEIRA, 2007). Os autores ainda nos instigam a pensar que essa postura implica se haver com as mudanças provocadas pela relação que ali se trava, relação essa que re- flete/remete às outras relações que seus elementos (terapeuta e cliente)

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