Redes: construções coletivas com um serviço escola
O fazer psi na atenção básica: experiências interprofissionais 24 compostas pelas áreas de psicologia, fisioterapia, enfermagem e nutrição, instrumentalizadas pelo desenvolvimento do Projeto Terapêutico Singu - lar – PTS, que é um instrumento potente de cuidado aos usuários de serviços especializados de saúde mental. Ele também é proposto como ferramenta de organização e sustentação das atividades do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), baseadas nos conceitos de corres- ponsabilização e gestão integrada do cuidado (HORI; NASCIMENTO, 2014). Para inspirarmos e provocarmos nossos leitores, consideramos oportuno tomarmos de empréstimo a frase que Baremblitt (1990, p. 26) usou para fazer referência a um trabalho de Peter Pelbart: “Há infinitos modos de voar. Não é necessário escolher o de Ícaro, nem muito menos o de Santos Dumont”. Para começar, é importante situar a nossa prática dentro da Atenção Básica em Saúde, política essa que é caracterizada por ações em saúde de cunho individual e coletivo que englobam intervenções de promoção, proteção, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde, sendo orienta- das por princípios como universalidade, acessibilidade, coordenação do cuidado, vínculo, integralidade, participação social e humanização. O trabalho é realizado em equipe e tem por alvo populações de territórios específicos, nos quais a Atenção Básica torna-se o contato preferencial dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), constituindo-se a porta de entrada e o centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (CEZAR; RODRIGUES; ARPINI, 2015; BRASIL, 2011). A Atenção Primária, como um campo de trabalho para a psi- cologia, ainda é muito incipiente, mesmo nossa profissão tendo mais de cinco décadas de reconhecimento. Ronzani e Rodrigues (2006) nos dão pistas que nos auxiliam a pensar sobre a Psicologia como disciplina relevante nas questões de saúde. Segundo os autores acima citados, o fazer psicológico, nesses territórios, necessita da reformulação de suas ações tradicionais, que, muitas vezes, implicam uma perspectiva prática isolada e desarticulada de lidar com o ser humano. Ainda segundo os autores, em virtude da formação tradicional na Psicologia, a prática profissional é predominantemente pautada por questões teórico-práti - cas limitadas às teorias terapêutico-curativas. Devido a isso, afirmamos com essa escrita que nosso compromisso está para além de apenas rela- tar uma experiência, mas questionar a nossa atuação, enquanto futuros psicólogos, pensando em um outro fazer psicológico que esteja efeti -
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