Redes: força de produção em um serviço escola
94 Rede invisível em um espaço de oficina – do ser professora para um “vir a ser psicóloga”: breves reflexões A supervisão, segundo Calligaris (2004) tem o objetivo de suscitar no sujeito convicção nas suas ações, o autorizando a ser terapeuta, não fazen- do deste momento uma aula ou não apenas apontando como o supervisor teria feito no lugar do supervisionando. Assim, em supervisão, o exercício foi pensar e questionar as nossas ações, rever paradigmas, pontos de vista e, assim, fomos encadeando os conhecimentos, buscando pontos de conexão, mas também entendendo algumas distâncias entre o saber pedagógico e o sa- ber psicológico, especialmente sobre a infância e o brincar. Uma trama, uma rede foi sendo tecida e ela “segurou” a nossa nova prática. Nesse sentido, a supervisão nos trouxe segurança e foi um ambiente favorável para reflexões e discussões sobre o nosso papel, sendo possível identificar quando o lado mais professoral predominava e, assim, ir em busca de novos modos de ser e fazer. Nossa supervisão teve como base a abordagem psicanalítica, que con- sidera a prática supervisionada fundamental para a formação em psicoterapia, sendo que ela se desenvolve a partir de três eixos básicos: os seminários teó- ricos, a psicoterapia ou análise pessoal e a supervisão clínica. A supervisão, dentro deste tripé, visa subsidiar no supervisionando o desenvolvimento das suas habilidades e aguçar a percepção para suas dificuldades. (ZASLAVSKY; NUNES; EIZIRIK, 2003). Apesar da Oficina não ser psicoterapêutica, efei- tos psicoterapêuticos puderam ser observados nas crianças, especialmente em relação ao tipo de brincadeira que foi modificando ao longo do semestre. Esta passou a ser mais refletiva (jogos) e menos ativa (corrida, lutas), sendo que isso foi possível ser identificado através da prática supervisionada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A participação na Oficina se mostrou como um caminho cheio de desafios, antes nem imaginados, uma vez que possibilitou, no tempo de cada coordenadora, a abertura para o novo, para ressignificações, para descobertas. Um dos objetivos da Oficina, no que se refere aos coordenadores, era reco- nhecer o interesse pelo trabalho com crianças, considerando as características que o brincar exige. Compreendemos que a nossa busca por esta ação se deu justamente pelo interesse por esse público. Assim, entendíamos que o traba- lho seria, de certa forma, “tranquilo”, afinal já tínhamos contato com crianças e, ainda, facilidade no manejo com elas. No entanto, ao longo do caminho, fomos percebendo esta necessidade de construir o que denominamos “rede invisível”, cuja necessidade era articular os conhecimentos já adquiridos aos novos. Meira (2009) coloca que, no trabalho com crianças, há a necessidade de uma disponibilidade e de uma abertura para o brincar, sem tornar-se infan-
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