Redes: força de produção em um serviço escola
92 Rede invisível em um espaço de oficina – do ser professora para um “vir a ser psicóloga”: breves reflexões que advém do envolvimento do profissional com o projeto, com as pessoas e com a instituição. Na Oficina, o maior exercício foi compreender quais os limites dos nossos saberes e como eles iriam compor conjuntamente. O diálogo inter- disciplinar se tornou presente durante todo o processo, não apenas entre a equipe que pensava e discutia este trabalho, mas também e, talvez, principal- mente, em cada uma de nós, estagiárias em formação, pensando esta tran- sição-composição. Foi necessário esta disponibilidade e este envolvimento trazido pelos autores, para que este diálogo pudesse ocorrer internamente, construindo e ampliando a rede invisível em cada uma das envolvidas. A Oficina não é uma aula com um conteúdo a ser trabalhado, ela é um espaço de criação conjunto, onde as crianças são sujeitos ativos na construção dele. Para Afonso (2006) a oficina é uma atividade estruturada que tem um objetivo em comum, onde os sujeitos envolvidos estão implicados na refle- xão, ação e sentimentos compreendidos neste processo. Ainda segundo a au- tora, a Oficina se diferencia do pedagógico, pois lida com afetos e vivências. Porém, também se distingue do grupo psicoterapêutico, pois estabelece um foco e não objetiva a análise dos participantes. Segundo Ferreira (1986, apud in FERREIRA, 2003) a Oficina é um espaço onde se constatam mudanças. Entendemos que as mudanças foram de duas ordens, tanto nas crian- ças, como também nas coordenadoras. Os encontros promoveram o desen- volvimento do brincar, enquanto também proporcionaram o nosso desenvol- vimento neste vir a ser psicólogas. DE PROFESSORA PARA PSICÓLOGA EM FORMAÇÃO: COMO GIRA A CHAVE? Conforme citado no início desta escrita, continuamos exercendo a função de professoras, assim a escolha pelo título é uma analogia a um dos desafios que enfrentamos e que nos impactaram diretamente. Em um curto período de tempo, na realidade em uma troca de turnos, era necessário sair do espaço da sala de aula para estar no espaço da oficina. Era necessário virar a chave. Etchegoyen (2004) complementa que a nova conexão de significado serve justamente para apreender uma realidade à qual não se podia ter acesso até o momento. Castells (1999b, p. 22) traz que “a identidade é um processo de cons- trução de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um conjun- to de atributos culturais inter relacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de significados”. Segundo o autor, os indivíduos podem ter
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