Redes: força de produção em um serviço escola
Izana Soares Rodrigues, Luísa Moutinho Cavalcante e Michele Scheffel Schneider 91 da qual aquele que brinca conta o que está acontecendo em seu mundo inter- no, ao mesmo tempo em que revela seu modo de ser. Winnicott (1975) traz que o brincar é universal e diz respeito também à saúde, ao desenvolvimento, aos relacionamentos, sendo que pode ser uma maneira da criança se expressar. Coloca o “brincar como uma experiência criativa” (p. 75) e que esta ação em si tem um caráter psicoterápico. O autor fala ainda que um professor objetiva o enriquecimento do brincar da crian- ça, enquanto o terapeuta foca-se nos processos subjetivos do sujeito. Assim, consideramos que enquanto o professor introduz brincadeiras, no sentido de direcionar o brincar para o desenvolvimento de determinadas habilidades, o terapeuta entende o funcionamento da criança a partir do que ela escolhe brincar. No entanto, entendemos que tanto no “brincar pedagógico” como no “brincar psicológico” algo é desenvolvido, amadurecido, elaborado, sendo que a mudança está no olhar e no entendimento que se tem desta brincadeira. Diante disso, compreendemos a escola como um local no qual existem al- guns atravessamentos (entre eles horários, rotinas, prazos) que, muitas vezes, podem engessar e endurecer a relação com o brincar, tanto por parte do alu- no, como do professor, sendo esta uma atividade considerada predominante- mente “para os pequenos”. Já, o olhar da Psicologia, valoriza o tempo de cada um, as diferentes formas que este brincar vai assumindo com o tempo e com o desenvolvimento do sujeito, de maneira distinta ao pedagógico. Neste sentido, a caminhada que temos na Pedagogia vem a somar dentro da Oficina, uma vez que os saberes Pedagogia-Psicologia podem e devem atuar interdisciplinarmente. Galván (2007) traz que em equipes de Saúde, as disciplinas são áreas de conhecimentos estruturadas que demarcam limites entre os saberes. Um maior conhecimento numa área pode trazer, por um lado, benefícios, quando permite se especializar em algo e, por outro lado, prejuízos, quando este saber fica concentrado, sem a compressão do sujeito na sua integralidade. Frente tais aspectos acreditamos que a interdisciplina- ridade possibilita a comunicação, o desenvolvimento e a transformação dos saberes, quando os sujeitos estão disponíveis para o diálogo e abertos para as descobertas. Apesar de termos clareza teórica sobre estas questões, a vivência de- sencadeou diversos sentimentos que permearam esta trajetória. A prática fo- mentou aprendizados e desenvolvimentos, mas também gerou ansiedades, medos e frustrações. Costa (2007) alerta que a prática interdisciplinar não se processa só pela alocação de vários profissionais de categorias diversas em um único local de trabalho. Ela está vinculada à responsabilidade individual
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