Redes: força de produção em um serviço escola
90 Rede invisível em um espaço de oficina – do ser professora para um “vir a ser psicóloga”: breves reflexões DOS CAMINHOS TRILHADOS ATÉ AQUI: INVENTA A OFICI- NA, REINVENTA AS COORDENADORAS Assim como os outros textos deste Caderno, a escrita deste artigo também será baseada na temática das redes, porém a rede abordada aqui não é visível, nem concreta. Esta rede perpassa, atravessa, mobiliza, faz refletir e expande as formas de ser e agir. A rede aqui trazida vai ao encontro do que Castells (1999a) define como uma estrutura interconectada com possibilidade de se ampliar, apta a ligar sistemas capazes de se comunicar. Uma rede identitária. Duas professoras em exercício profissional, concomitante ao estágio, coordenando uma oficina com crianças. Como com- por este espaço no campo da Psicologia sem ser professora ou sem pensá-lo como uma aula? Esta escrita surge justamente pelas reflexões e angústias des- pertadas, durante as supervisões da Oficina do Brincar, espaço constituído em 2017/01 no serviço, a partir de uma demanda de sala de espera. Enquanto os pais participavam da intervenção “Grupo de Pais”, os filhos, em sua maio- ria crianças entre cinco e oito anos, ficavam na recepção do serviço deman- dando das secretárias um olhar que ia além das suas atividades de secretaria. Nasce então a Oficina do Brincar, pensando primeiramente nesta de- manda, mas, também, entendendo a importância do brincar para o desen- volvimento infantil. Assim, a proposta de trabalho implica tanto acolher as crianças e estimular o lúdico na infância, o brincar coletivo, a socialização, como propiciar ao estagiário em formação o contato com crianças, com o intuito dele reconhecer um interesse e/ou despertar afinidade (ou não) com esta etapa do desenvolvimento. Neste semestre a Oficina do Brincar ocorreu semanalmente e con- figurou-se como um grupo aberto, com possibilidade de entrada de novos integrantes a qualquer momento. Para cada encontro foram pensadas brin- cadeiras que serviram como dispositivo para iniciá-lo, sendo que estas foram escolhidas conforme a preferência das crianças. Existiu um certo planejamen- to na escolha das brincadeiras, no entanto, muitas vezes, estas não se con- cretizavam em função de novas escolhas das crianças, o que era valorizado e respeitado. Stragliotto (2008) afirma que crianças que brincam demonstram ter saúde emocional e, ao brincarem, desenvolvem a criatividade de forma praze- rosa, controlando impulsos e expressando desejos e medos. A autora sinaliza também que, a função do brinquedo ou da brincadeira, faz com que a criança reproduza uma situação desagradável, podendo assim modificar essa situação e reelaborá-la. Duarte (2009) ressalta que o brincar é uma linguagem através
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