Redes: força de produção em um serviço escola

86 Rede de apoio entre o PAAS e as escolas de São Leopoldo responsabilizar pelo o que esta acontecendo. Essa criança foi encaminhada pela escola para atendimento terapêutico no PAAS, com a queixa de agressividade. Foi identificada a necessidade de ir até à escola para compreender mais clara- mente como a criança era vista pelos professores e responsáveis. No encontro, evidenciou-se que a psicopedagoga, acreditava que o menino apresentava seus sintomas devido à mãe, que não lhe dava atenção e era bastante agressiva e sem paciência com a criança. Nessa situação a escola não se mostrou aberta para mais diálogos e nem para manter um contato com a terapeuta do aluno, ficando somente em uma posição de queixa e culpabilização dos pais. Oliveira e Marinho-Araújo (2010) explanam que a relação família-es- cola está frequentemente permeada por um movimento de culpabilização, de não responsabilização compartilhada e se matem a partir de situações vin- culadas a algum tipo de problema/conflito. Diante destes aspectos, se torna difícil haver uma parceria entre os cuidadores e as escolas baseada em fatores positivos e gratificantes relacionados ao aprendizado, desenvolvimento e su- cesso dos alunos. O lugar dos cuidadores na psicoterapia de crianças e adolescentes é imprescindível, ocorrendo desde o primeiro contato telefônico e permane- ce durante todo o tratamento, inclusive no termino do mesmo. Do mesmo modo, é importante ressaltar também que ter um olhar para a criança/adoles- cente em separado dos responsáveis é essencial, pois o jovem tem uma vida mental própria, mesmo que “atravessada” pelas projeções e pela subjetivida- de dos seus cuidadores (CASTRO, 2009). O tratamento em conjunto com os responsáveis, a escola e o paciente faz com que seja estabelecida uma rede de apoio e o psicólogo possa ter uma visão mais ampla do caso, facilitando assim, a elaboração de conflitos da criança/adolescente. É possível pensar que essa prática de interface do PAAS com as es- colas se encontra dentro dos princípios propostos pelo Serviço, que é pensar em conjunto com a rede, de forma interdisciplinar e em busca da clínica am- pliada. Os eixos de intervenções em rede, práticas clínicas e ações de acolhi- mento acabam perpassando e se conectando quando pensamos em fazer essa ligação do Serviço com as escolas dos pacientes ou futuros pacientes, como no caso do acolhimento permanente. O modelo de clínica ampliada tem como objeto do trabalho clínico, o sujeito enfermo ou com possibilidade de adoecer e não somente a doença, considerando não somente um paciente, mas também o grupo de sujeitos (a família, a escola, rede de apoio...). Desse modo, a combinação dos elementos biológicos, subjetivos e sociais são necessários para a compreensão do pa- ciente e elaboração de um plano terapêutico (PREBIANCHI; CURY, 2005).

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