Redes: força de produção em um serviço escola

Layanna Freiberger e Rosana Cecchini de Castro 85 mos escutado em relação ao sujeito em atendimento. Mas, em um caso de atendimento psicológico no PAAS de um adolescente de 14 anos, foi possível identificar que, por trás de várias criticas, existia da mesma forma, como no Serviço, um desejo de cuidado e um olhar buscando melhoras. Um outro momento em que se identifica que o estabelecimento da rede de contato com a escola, seja por telefone ou indo até o local, é de gran- de importância é no Acolhimento Permanente. Inúmeras vezes conseguimos refletir com mais clareza sobre a forma de encaminhamento a adotar quando temos conhecimento de como é a relação do jovem em acolhimento com a sua escola. Um caso em que foi possível vivenciar esta situação foi com um adolescente de 15 anos que estava repetindo pela terceira vez o sexto ano. Sua mãe o enxergava como sendo muito retraído e tendo poucos amigos, mas quando entramos em contato com a sua escola descobrimos um novo meni- no. A coordenadora de onde o adolescente estudava contou que ele possui um grande grupo de amigos e que conversa bastante, sendo extrovertido e com facilidade de se relacionar. Estas informações se somaram àquilo que já tínhamos e reorientaram o encaminhamento do adolescente. Inicialmente havíamos pensado o caso para um acompanhamento em psicoterapia individual, mas, por fim, o encaminha- mento foi para o atendimento em psicoterapia grupal. Unimos as informações da mãe nos acolhimentos, o trabalho realizado por nós no acolhimento e co- nhecimento sobre o adolescente, bem como as informações que a escola pode nos passar e obtivemos assim a escolha para seu encaminhamento. Mas, nem sempre, escola, cuidadores e nós, nos encontramos diante de um diálogo possível e facilitador no sentido do bem estar e da qualidade do encaminhamento necessário. Muitas vezes, nos encontramos diante de dificuldades para lidar com as formas de compreensão sobre o que pode estar ocorrendo com aquele que demanda nosso cuidado e atenção. Não sendo raro, inclusive, que nos vejamos diante de compreensões divergentes, ou que deem margem para certos usos, tanto de parte das famílias como da escola, como para tentar desresponsabilizar-se de aspectos sobre os quais é preci- so séria e comprometida implicação. Neste sentido, podemos experimentar ações que podem dificultar o processo terapêutico ao invés de contribuir para o mesmo. Responsáveis e escolas ao se colocarem de forma antagônica e não como uma rede de apoio para o desenvolvimento emocional e educacional para as crianças e adolescentes, geram um delicado desafio à intervenção, podendo comprometer o próprio atendimento. No caso de um menino de 5 anos é possível perceber o quanto a escola tem, às vezes, dificuldades de compreender os alunos e acaba tentando não se

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