Redes: força de produção em um serviço escola
84 Rede de apoio entre o PAAS e as escolas de São Leopoldo adolescente, que se evidencia no relato de parte de quem buscou atendimen- to, uma vez que os mesmos vêm tomados por queixas e reclamações. Quando entramos em contato com as escolas, por vezes, identificamos uma visão dos professores, diretores ou coordenadores que se assemelha aos cuidadores do paciente. Mas, em outras situações, também é possível descobrir uma visão diferente, que ressalta qualidades, habilidades e aspectos positivos relativos às crianças/ adolescentes e seu modo de ser e/ou suas potencialidades. É importante estarmos atentos para poder perceber que existem estas diferentes visões sobre a criança ou adolescente, principalmente quando fa- lamos com os cuidadores dos mesmos, que expressam um diálogo queixoso, mas que, ao mesmo tempo, relatam que os educadores da escola acreditam que o estudante está evoluindo e se mostrando cada vez melhor em relação à aprendizagem e comportamentos. Estas diferenças, serão elemento essencial em nosso trabalho psicoterapêutico, no sentido em que, poderão permitir que existam diferentes maneiras de que o paciente seja visto, compreendido e até mesmo considerado, tanto por ele mesmo como por aqueles que o cercam. O dialogo e contato com a escola pode ser a alternativa de fazer surgir uma visão diferenciada sobre os sujeitos envolvidos, possibilitando com que tenham condições de se colocarem como protagonistas da cena social, e, as- sim, construir mecanismos para o enfrentamento dos problemas e conflitos emocionais, escolares e familiares (MOREIRA; COTRIN, 2016). Para ilustrar, pensamos numa paciente de 14 anos, que chegou para atendimento no PAAS com a queixa principal de diagnóstico de TDAH, o qual a família não sabia ao certo se era real ou não. Foi realizada uma visita à escola e posteriormente, a coordenadora pedagógica solicitou uma reunião ao PAAS com a estagiária psicoterapeuta da jovem. A profissional trouxe queixas, mas em seu relato evidenciou que desde que estava em psicoterapia não havia mais apresentado comportamentos agressivos como antes. A partir do contato com a coordenadora pedagógica, o trabalho conjunto foi estabe- lecido entre PAAS e escola. Na perspectiva de Medeiros e Aquino (2011), o trabalho interdisci- plinar cria espaço para o desenvolvimento de ações junto aos educadores da escola e psicólogos, onde se podem criar lugares de diálogos para que os conflitos vivenciados na instituição possam ser discutidos e compartilhados na busca de soluções e juntos possam estabelecer novas maneiras de olhar o aluno, evitando rótulos. Encontramos determinadas vezes um discurso dos professores ou responsáveis da escola ainda mais queixoso e patologizante do que já havía-
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