Redes: força de produção em um serviço escola
50 Os desafios das demandas para atendimento psicológico com jovens institucionalizados nizado com estes adolescentes que recebemos. O PTS “é um instrumento potente de cuidado, uma vez que pode ser pensado junto com o jovem, con- siderando suas particularidades e seu desejo, além de ativar os demais serviços do território no qual ele se encontra”. (LOPES, 2012, p. 11). Ele é um instru- mento de organização e sistematização do cuidado, construído entre equipe de saúde e usuário, considerando singularidades do sujeito e a complexidade de cada caso. De qualquer forma, o PTS exige uma escuta psicológica e, para tanto, nos subsidiamos naquilo que a literatura indica como essencial, quando se pretende atender jovens institucionalizados. O primeiro aspecto é sobre a necessidade de se estabelecer um setting sólido, no qual se possa construir uma relação de confiança entre terapeuta e paciente. Pechansky (2015) afirma que setting terapêutico é o espaço dinâmico que está a serviço do bom andamento do tratamento. A construção desse ambiente propicia condições para a insta- lação de um bom clima de trabalho. Para além da estrutura física e dos pro- cedimentos de rotina da prática psicanalítica, o setting bem instalado permite o surgimento das diferentes reações transferenciais (PECHANSKY, 2015). No contexto dos adolescentes que atendemos, observamos a importância de reforçar esse espaço de trabalho, uma vez que em diversos espaços institucio- nais as suas subjetividades foram menosprezadas. Ao delimitar junto com o paciente o espaço terapêutico, oferecemos a ele a possibilidade de falar sobre suas angústias, fantasias, medos e desejos, garantindo a inalterabilidade do set- ting . Ou seja, o terapeuta não será destruído, muito menos irá retaliar o sujeito (PECHANSKY, 2015). Nessa perspectiva, para além da aliança terapêutica, concebida como a capacidade do paciente de estabelecer uma relação de trabalho com o tera- peuta (GOMES, 2015), também é possível construir uma relação de confian- ça entre terapeuta e paciente. O fator confiança apareceu como fundamental no atendimento dos adolescentes institucionalizados. Para Gomes (2015), a confiança se refere à disponibilidade do paciente em confiar, mas, principal- mente, diz respeito à confiança que se instala na capacidade do seu terapeuta de compreender e ajudar. É com a confiança na capacidade terapêutica que o paciente se alia ao seu terapeuta. Dessa forma, consideramos a importância do terapeuta na construção do vínculo com o sujeito. Destacamos as quali- dades pessoais e técnicas do terapeuta, como empatia, acolhimento e capaci- dade de continência. O atendimento ao jovem institucionalizado nos convoca a refletir so- bre a nossa prática. Para isso, Kupermann (2008) destaca a importância do autor Sándor Ferenczi na criação de um novo estilo clínico, ao introduzir a
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