Redes: força de produção em um serviço escola
32 Linhas de Cuidado – construindo caminhos Debates e encontros com diferentes profissionais e serviços, permitiram o melhor entendimento e construção de conhecimentos e vínculos que, por sua vez, propõem um fazer saúde mais qualificado para todos – esses também foram encontros de cuidado. Acontecendo desde 2016, o projeto desenvolveu-se a passos len- tos e cuidadosos, ampliando sua atuação através de atividades de divulgação, para maior visibilidade e conhecimento da sua importância dentro do próprio PAAS. Tanto pelo diagnóstico de saúde, quanto no encorajamento da equipe, para que mais colegas estagiários participassem. Foi possível compreender a existência de duas questões importantes em relação a rede do município de São Leopoldo: um certo desconhecimento dos estagiários do PAAS so- bre a rede de saúde e assistência e, também, a fragilidade dessa mesma rede, enquanto faz tentativas de expansão e busca a implementação de práticas humanizadas e de qualidade. Para os participantes do Linhas de Cuidado, integrar-se em um proje- to que tem como objetivo o mapeamento da rede de saúde, a construção de linhas de cuidado ou os caminhos que o usuário irá percorrer, olhando para a integralidade do cuidado, faz com que percebam outros meios de fazer saúde. Foi possível, ainda, observar que a gestão dos serviços e das políticas públicas são fundamentais para a qualidade em saúde, além da capacitação e formação dos profissionais de saúde. Ressalta-se ainda que a construção e desenvolvi- mento de projetos em saúde e o trabalho em rede são desafios interessantes, necessários e potentes. Quando se pensa na articulação da rede, um dos caminhos é o estabe- lecimento de ‘linhas de cuidado’, em que projetos terapêuticos centrados nos usuários são viabilizados na rede de serviços (CECCIM et al., 2005). Alguns au- tores propõem a radicalização das propostas de gestão democrática, no sentido de privilegiar o cuidado e a construção da integralidade na saúde como direito de cidadania. Eles rompem com a proposta de hierarquização tradicional de rede baseada na disponibilidade de tecnologias duras e leve-duras e visualizam a rede numa perspectiva circular, com múltiplas entradas, conforme a necessi- dade dos usuários, onde se asseguram todas as possibilidades de satisfação das necessidades por meio de desenhos de fluxos, conformando uma “malha de cuidados ininterruptos” organizados de forma progressiva. Inspiram-se na ideia de “rizoma” (um tipo de raiz não axial, mas ra- mificada) discutida por Deleuze e Guatarri (1995). Em uma rede como malha não há maior e menor, anterior e posterior, início e fim. Tudo o que há é o tramado, só há meio “entre nós”, ligações e conexões. Uma malha de cuida- dos que responde à diretriz da integralidade e dimensiona um trabalho em
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