Redes: força de produção em um serviço escola
Augusto K. da Silveira, Francine Tomasini, Larissa A. S. de Oliveira, Márcia L. Rieth Uber e Vanderléia C. dos Santos 29 demanda e oferta devem ser entendidas como ações dinâmicas em que uma interage diretamente com a outra, sofrendo influência mútua (PINHEIRO, 2009), ao invés de serem analisadas de forma isolada ou estática. A demanda aparente e a oferta existente geralmente estão condicionadas pelas práticas do modelo médico hegemônico, pela objetivação da doença e pelo distan- ciamento da relação profissional de saúde-paciente. A lógica de organização do modelo de atenção à saúde pautado na biomedicina dificulta a escuta, o acolhimento e a compreensão do sentido social do sofrimento e adoecimento (MARTINS, 2003; LUZ, 1997). Em contrapartida, a ênfase nos sujeitos e no seu modo de se relacionar com a vida pode trazer contribuições para ampliar a compreensão social da demanda e ofertar práticas de integralidade em saú- de mais adequadas às demandas e necessidades (LACERDA; VALLA, 2013). O PAAS – Projeto de Atenção Ampliada à Saúde, como um Serviço de Saúde Coletiva, vem se ocupando da discussão acerca da organização de suas práticas em saúde. Um dos projetos do PAAS denomina-se “Linhas de Cuidado”, através do qual fortalece um dos seus princípios de funcionamen- to, e de formação, “o trabalho em e na rede”. A intervenção através do Pro- jeto Linhas de Cuidado foi construída a partir da interface do PAAS com os serviços da rede de atenção em saúde do município de São Leopoldo, a partir do segundo semestre de 2016. O trabalho desenvolvido pelo Projeto Linhas de Cuidado apoiou-se na ideia de que a integralidade da atenção em saúde é sustentada pela otimi- zação e capacidade de aquecimento da rede de cuidados. E para isso mapear Linhas de Cuidado é uma forma de dar visibilidade à sistematização das ações em saúde, a partir da composição de fluxos entre os serviços da rede, para as diferentes situações de cuidado. As redes de atenção à saúde (RAS) constituem a organização dos ser- viços de saúde, e de suas ações em seus diferentes níveis, atuando de forma integrada, através de apoio técnico, logístico e de gestão, tendo o intuito de garantir que o usuário seja acompanhado em sua integralidade. Tem como objetivo a constituição de relações entre os serviços, em todos os níveis, com foco na integralidade do cuidado, que se dê continuamente, com qualidade, de forma responsável e humanizada (GRUPO TÉCNICO DA COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE, 2010). As ações devem ocorrer de forma interdependente e as organizações devem cooperar entre si para que seja ofertada, à comunidade, uma atenção contínua e integral. A rede é composta pela sociedade civil, a estrutura ope- racional e os serviços de atenção à saúde (GRUPO TÉCNICO DA COMIS- SÃO INTERGESTORES TRIPARTITE, 2010; BRASIL, 2015). As linhas
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