Redes: força de produção em um serviço escola
Márcia Travi Heurich 15 apenas de forma hierarquizada, impede que se veja o território sob a rede e induz a visualização e produção de redes homogêneas em níveis hierárquicos. Segundo o autor: Analisar e viver a rede de atenção como se ela se resumisse a um escalonamento de níveis de atenção faz com que ninguém assuma o acompanhamento dos que mais precisam. A partir da compreen- são de que é o especialista que tem capacidade técnica necessária ao tratamento dos casos mais graves, os doentes que são encaminhados a estes perdem o vínculo com a equipe da atenção básica. O efeito desta divisão de tarefas é o empobrecimento da capacidade clíni- ca na atenção básica e o reforço do poder dos especialistas, movi- mentos que solapam o fortalecimento das equipes da atenção básica (RIGHI, 2010 p. 65). Após o ingresso do usuário no serviço escola, nossa proposta de formação é de que as redes internas sejam acionadas e que aconteça uma interação entre as diferentes áreas, buscando a qualificação do cuidado. O investimento nos trabalhos coletivos, no acolhimento, nas interconsultas, na grupalidade, nas discussões de caso, nos projetos interdisciplinares com foco na clínica ampliada são a realidade vivenciada no PAAS. Este é um dos gran- des desafios da formação, onde a articulação entre as especialidades aconteça de forma horizontal, sem hierarquização e que, os encaminhamentos sejam realizados de forma humanizada, garantindo o vínculo na produção do cui- dado com processos mais flexíveis. “A afirmação da identidade não significa necessariamente incapacidade de relacionar-se com outras identidades, ou abarcar toda a sociedade sob essa identidade”. (CASTELLS apud RIGHI, 2010, p. 70). Segundo Hardt e Negri, (apud RIGHI, 2010, p. 70) espera-se desse processo afirmação de identidades e produção do comum. O trabalho em rede tem sido um investimento, considerado como oportunidade pela equipe do serviço escola da Unisinos. As dificuldades e limitações dos diferentes setores do município de São Leopoldo, entre eles as redes de saúde, educação e serviço social, fazem com que a busca por um cuidado qualificado e efetivo seja um desafio permanente. As diferenças de formação das especialidades, as relações interpessoais e as características in- dividuais transformam o espaço coletivo num espaço vivo, que impõe o dire- cionamento para a produção de melhores encontros. “O encontro de sujeitos e de instituições marcadas pela identidade deveria ser a preparação para o trabalho em rede, para o encontro com o diferente, com o que complementa, seja no trabalho da equipe seja em um território” (RIGHI, 2010).
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