Redes: força de produção em um serviço escola

Nedio Seminotti 105 ou tecnologia leve, no qual os usuários participantes conversam entre si e compartilham problemas e soluções (SEMINOTTI, 2016). No sistema político há uma reivindicação de que a democracia re- presentativa avance para a participativa, na forma de redes. No Estado, em geral os movimentos participativos são vistos como baderna, caos, desordem e quando a governança os reconhece e se dispõe a acolher, quer ouvir os re- presentantes do movimento em rede. Acontece, porém que nem sempre eles existem devido à característica da rede distribuída. E quando existem acabam sendo os líderes representantes do movimento em rede, e não o movimento propriamente dito. A conexão em rede é de difícil tangibilidade, pois é pro- cesso, movimento fugaz sem uma organização que seja visível, compreensível e aceitável. As organizações empresariais atuais mais inovadoras incluem em sua organização de trabalho e na relação com seus clientes, além das estruturas simples, como as hierárquicas, também as em rede. Usam tecnologias de in- formação e plataformas para captar a participação de seus trabalhadores/ colaboradores e as contribuições dos clientes para elaboração, e até cocriação, de produtos e serviços. Nestas há, portanto, uma ideia de que todos e não apenas alguns especialistas têm saber e poder para inovação. Nas equipes de trabalho, os líderes já se capacitam para desenvolver competências para promover discussões abertas com seus liderados visando o equacionamento e solução de problemas na empresa. Para isso, precisam abandonar a posi- ção única de comando e controle e acatar o poder de um grupo de pessoas em rede. Para os que não têm essas competências, o poder em rede tende a ser ameaçador: os liderados ‘bagunçam tudo’, dizem. Porém, os que as têm acolhem as conversações de todos com todos, aprendem juntos e cocriam soluções e inovações. No sistema de ensino formal a organização em sala de aula, comumen- te, é a mesma desde o Renascimento: professor/a na frente – mormente sobre um estrado – e aluno/as em filas, uns olhando para a nuca do outros. Mesmo que haja movimentos no sentido de propor aulas participativas, com uma or- ganização dos aluno/as na qual todos se vejam, se ouçam simultaneamente e participem ativamente na aprendizagem, o poder das instituições de ensino impõe o modelo da Modernidade (SEMINOTTI; BORGES; CRUZ, 2004). Por fim, ao igualar no texto a noção de rede e de sistema de sis- temas, precisamos considerar que os nodos/pessoas nas redes parecem, às vezes, não ter as individualidades reconhecidas e legitimadas. Como se tudo fosse apenas intersubjetivo, sem que houvesse um sujeito. Guattari (2000), como registramos, reconhece o sujeito fora da intersubjetividade. Morin

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