Redes: força de produção em um serviço escola

104 A vida humana organizada em redes e em estruturas hierárquicas: considerações sobre paradigmas que as sustentam produzem emergências que ora são efeitos da relação, ora são causa para novos efeitos, pois as emergências recaem sobre o todo e as partes do sis- tema modificando-os, dando a eles propriedades que não tinham isolada- mente e que nascem ao estarem em relação: somos diferentes em relações diferentes, não é assim?! Em síntese, são relações que produzem uma re- cursividade e que, na melhor das hipóteses, produzirão uma circularidade regenerativa virtuosa nas pessoas e nas relações. Examinemos o conceito de sistemas complexos, aplicado aos peque- nos grupos. As pessoas participantes de um grupo e suas ideias, os subgru- pos do grupo, o grupo em sua totalidade e os contextos em que ocorrem os grupos são sistemas. Os contextos, por exemplo, são as Unidades Básicas de Saúde, a gestão de saúde, as políticas de saúde do município e/ou do SUS. São todos sistemas que constituem em seu conjunto um sistema maior e mais complexo. Cria-se um sistema de sistemas constituído por sistemas em inter- -relação e em inter-relações com os contextos da saúde. Esboçamos uma pequena síntese dos conceitos e princípios que re- gem a ideia de sistemas sociais complexos, segundo Morin (2008), e como são fecundos para compreender o pequeno grupo, como um sistema de sistemas, segundo Seminotti (2016), que apresenta uma discussão ampla em http:// historico.redeunida.org.br/editora/biblioteca-digital/serie-atencao-basica-e-e ducacao-na-saude/atencao-basica-olhares-a-partir-do-programa-nacional-de -melhoria-do-acesso-e-da-qualidade-2013-pmaq-ab-pdf/view . CONSIDERAÇÕES FINAIS Afinal, em nosso cotidiano, como convivem as organizações humanas em redes e em hierarquias? Na saúde pública, uma questão a ser considerada é que os técnicos tendem a pensar que somente eles têm saber/poder pra promover saúde. Assim, se habituam ‘fazer’ grupos como se fossem aulas, dando informações sobre temas tais como hipertensão ou gestação. Além disso, parece que se os técnicos deixarem o lugar do suposto saber e se dispu- serem a estabelecer relações mais horizontais com os usuários, precisariam se oferecer para construção de vínculos de confiança e isto exige mais entrega e compromisso. Colocar temas em discussão em grupo, no qual todos possam conversar com todos exige competências para facilitação de grupo. Não basta aquele suposto saber. O Projeto PluriVox, que criamos, oferece um programa para capacitar técnicos da saúde pública, contemplando as relações em rede ou entre um sistema de sistemas, no qual todos os participantes de um grupo produzem saúde. A hipótese do programa é que quando a facilitação/coor- denação de grupo exerce dez competências, ele vira um método, dispositivo

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