Redes: força de produção em um serviço escola

Nedio Seminotti 101 um poder ascendente que se contrapõe ao poder descendente que parte do Estado. Na mesma época, Guattari (2000) propõe a noção de subjetividade e intersubjetividade para contrapor-se à relação binária entre sujeito/indiví- duo e sociedade. Embora em certos contextos, ele assevera, a subjetivida- de se exprima na individualidade, noutros se torna coletiva, intersubjetiva. Deleuze (2004), em parceria com Guattari traz à discussão o conceito de rizoma como um sistema aberto e como disparador de caminhos, processos e devires, e que também contribui para compreender a organização social em redes. Estes recortes sublinham como os pensadores contemporâneos in- tentaram propor concepções da vida social para sair das centralidades indivi- duais e dos poderes concentrados nas instituições e no Estado, baseados em estruturas hierárquicas, e assim reconhecer nas intersubjetividades o poder das microrrelações, colocando o foco de atenção no inter: “Longe de ser o ser que ilumina a relação é a relação que ilumina o ser” (BACHELARD, 1978. p. 162). É oportuno lembrar que esta mesma ênfase na relação foi dada por Moreno (1959) na Sociometria, no início do século XX, ao indicar que a residência dos acontecimentos relevantes está nas relações e que, portanto, as pessoas só podem ser compreendidas nas relações. Abordando a Pós-Modernidade, e ao examinar a revolução industrial na Modernidade, Bauman (2001), afirma que a transformação da comunidade em sociedade se caracteriza pela mudança de um padrão de redes de intera- ção comunitárias para massas disciplinadas, controladas e avaliadas pelos que têm poder e saber, alocados em níveis hierárquicos superiores. Quer dizer, a Modernidade privilegia a hierarquia como forma de organização humana e a liderança de poucos que têm o reconhecimento da sociedade para dirigir os destinos da massa. Freud (1930), afirmou que as massas, guiadas pela pulsão, tendem a destruir a cultura e, por esta razão, devem ser governadas por elites ilustradas. Em 1922, ele explicou o que havia escrito Gustave Le Bon sobre o comportamento irracional das massas. Freud propôs, então, um modelo de organização baseado no comando do líder, sucedâneo do pai. O líder repre- senta o ideal do ego dos liderados. E, em razão disso, as massas têm a pulsão coibida e a sociedade se organiza na forma de hierarquia: se cortar a cabeça do líder, ele afirma, a massa entra em pânico. Lembremos que mesmo em estudos antropológicos foi marcante o conceito de estrutura, especialmente no pensamento de Lévi-Strauss, com o conceito de inconsciente estrutural. “Inconsciente estrutural para Lévi-S- trauss. Isto é, ‘estrutura inata do espírito humano’, situada no ponto de en- contro entre a natureza e a cultura” (LAPLANTINE, 2005, p. 132).

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