Redes: força de produção em um serviço escola

100 A vida humana organizada em redes e em estruturas hierárquicas: considerações sobre paradigmas que as sustentam processar o intercambiado. A organização social complexa é constituída pela unidade do diverso que contempla, inclusive, o ruído, o caos, a relação en- tre todo e partes, e entre partes, a recursividade, a inclusão do conhecedor no conhecimento, a hologramaticidade e a dialógica (SEMINOTTI, 2016). Segundo o pensamento complexo, a sociedade contemporânea tem a virtu- de de se auto-organizar, mas não deixa de ter condicionantes externos que influenciam a organização. Assim, um pequeno grupo é, simultaneamente, auto-organizado E hétero-organizado pelos seus processos e pelos que vem de fora, respectivamente, tais como um facilitador de grupo ou a gestão de saúde (SEMINOTTI; ALVES, 2013). Significa dizer que a organização ocor- re na intersubjetividade das relações em rede, ou entre os sistemas do siste- ma, como esclareceremos abaixo, e, ao mesmo tempo, se organiza segundo as relações hierárquicas. Assim, na organização social há recursividade entre ordem, desordem e organização (MORIN, 2013b). PESSOAS INTERCONECTADAS EM REDE Diferentemente do pensamento estruturalista, que supõe que o indi- víduo é a unidade da estrutura, com funções e comportamentos previsíveis exercidos e controlados a partir do comando e controle; a organização em rede concebe um mundo no qual há um sujeito/indivíduo e sua subjetividade que, na intersubjetividade com outros, é ativo, autônomo e criativo, geran- do emergências/fenômenos que recursivamente recaem sobre o todo e as partes que os geraram, modificando-os: as relações produzem fenômenos que retroagem sobre elas, modificam as subjetividades e intersubjetividades, o modo de ser do grupo e as particularidades do contexto. Quando abordamos o conceito de redes, nos restringimos ao de rede distribuída, embora Paul Baran (FRANCO, 2017) faça distinções das organi- zações em rede, considerando-as também centralizadas e descentralizadas. A rede é tecida por um conjunto de atores/pessoas também denominados nós ou nodos. As pessoas interconectadas em rede têm uma relação marcada por uma maior isonomia de poder/saber e maior autonomia, corresponsabilidade e possibilidades de transformações mútuas entre si e do ambiente, do que as que são definidas pelas relações hierárquicas. Nestas, os que estão acima na hierarquia têm poder/saber para determinar como devem operar – e até pen- sar – os que estão abaixo e, além disso, para fazer controle através do feedback , e confirmar se o fizeram da maneira comandada. Estas relações são comuns nas instituições, comunidades e na organização do Estado. A propósito, lembremos que para Foucault (1989), ao examinar es- pecificamente o poder, as relações em rede, no nível molecular, constituem

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