Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

84 PAAS: entre práticas renovadas “ A grande diferença, afinal, é que no trem da vida jamais saberemos em qual parada teremos que descer, muito menos em que estação desce- rão nossos amores, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado. É possível que quando tivermos que desembarcar, a saudade venha nos fazer companhia... Porque não é fácil nos separar dos amigos, nem deixar que os filhos sigam viagem sozinhos. Com certeza será muito triste. No entanto, em algum lugar há uma estação principal para onde todos seguimos... Que a nossa breve viagem seja uma grande oportunidade de aprender e ensinar, entender e atender aqueles que viajam ao nosso lado, porque não foi o acaso que os colocou ali... E boa viagem.” (O trem da vida - Silvana Duboc) Sempre nos propusemos a colocar potência na grupalidade e nos reinventar também, na medida em que os encontros aconteciam. Algumas integrantes partiram durante este percurso, por se sentirem mais confiantes de si mesmas. Uma delas disse: “Levei muito tempo para entender que os problemas continuam lá fora. E o grupo me fez perceber que eles continuam, sou eu que preciso mudar a forma de enxergá-los.”. Outra mulher, que também teve alta, desejava muito cuidar da mãe, mas por algu- mas limitações físicas nas mãos não conseguia; passou a entender que cuidados não eram somente físicos, mas também podiam vir através do carinho, da escuta, do estar perto. Foram altas significativas para o grupo, pois eram duas integrantes mais antigas. Da mesma forma, a viagem nesta estação para nós (coordenação) terminaria ali. Sendo assim, é importante pensar que quando alguns integrantes se vão, es- pecialmente a coordenação, é um novo grupo que precisa se constituir, buscando novos passageiros, novos trilhos, novas possibilidades de chegada e partida. E que bom que nos foi possível participar deste processo. Para Nietzsche (2009), conquistar saúde significa a elevação da potência, que é própria de cada corpo, e imaginar uma clínica que possa deslocar os pacientes na direção e na construção de uma nova autonomia sobre a saúde dos seus corpos. Desta forma, considerando que cada sujeito é singular, caberia a terapêutica ser estritamente singular, pois não há nenhuma fórmula

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz