Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades
PAAS: entre práticas renovadas 83 lando com estas participantes - com mais tempo de permanência - da possibilidade de alta. Foi um assunto que circulou muito no grupo nos últimos anos, até que durante a nossa coordenação isso foi possível. Diante do pensar sobre a alta, foi possível construir com elas, caminhos para que cada uma pudesse se pensar fora dali. Aos poucos, começam a narrar como seria não estar no grupo, que outras coisas poderiam fazer, como se viam. Apesar de terem-se afirmado conosco, acreditamos que tenha sido um processo, um trabalho de grupalidade, que foi se cons- truindo desde as coordenações anteriores. A partir deste fato, começamos a entender algumas metáforas 10 que o grupo “jogava na roda”, como o fato de falarem que gastavam de viajar, quando na verdade, fomos entender através da fala delas, que a viagem seria como uma partida, sumir para outro lugar, longe dos problemas. Além disso, em alguns encontros, o grupo conseguiu pro- blematizar que o pote feio e sujo que uma das participantes dizia estar dentro, poderia ter relação com o preconceito que ela enfrentava. Nós, com o grupo, fomos criando um espaço para que trouxessem disposi- tivos diferenciados, como mensagens recebidas no celular, músicas e o próprio grupo (encontro) se propôs a ser e pensar-se como dispositivo de si mesmo. O dispositivo/espaço (CORBISIER, 2011), que quando entendido no plano da imanência, dos devires, possibilita a produção de mudanças na rotina das instituições, desestabilizando as estruturas rígidas e (re)criando novos modos de fazer e de ser. NO TREM DA VIDA... FICAM AS APRENDIZAGENS D(N)OS ENCONTROS E D(N)AS EXPERIÊNCIAS As metáforas foram circulando pelo grupo, como em um dos encontros em que ao anunciarmos nossa saída, uma das mulheres pe- gou o celular e leu um texto intitulado: “O trem da vida”. Citamos aqui um pequeno trecho, e que naquele momento, fez muito sentido para nós. Experiência que queremos problematizar aqui, já que entendemos que a grupalidade sempre operou em nós também. 10 Metáfora seria um termo capaz de substituir outro. Seria o resultado da imagina- ção, da subjetividade de quem a cria/inventa. Pode ter relação com uma palavra que foi comparada por outra, o que seria um conectivo comparativo – não está expresso, mas sim, subentendido. (BERNARDO, 2004).
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