Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

82 PAAS: entre práticas renovadas O grupo se manteve em constante transformação, buscando se (re)inventar e criar novos dispositivos para que aquele espaço pudes- se a cada novo encontro fazer mais sentido. (BURZLAFF; CASTRO, 2015). Desta forma, compusemos uma coordenação que buscou pen- sar junto, possibilitando trocas de saberes e de experiências de vida, o que nos permitiu ver as mulheres com diferentes olhares, e, assim, nos modificamos e aprendemos juntas. A grupalidade nos permitiu, na experiência de coordenação, nos descobrirmos mais, nos enxergarmos também de outra forma, com mais esperança, com vontade de expressividade, de criação, de olhar para um grupo e perceber a sua potência... E que potência! Quando se escreve algo assim, chega a dar arrepios pelo corpo. Estar em um processo grupal nos possibilita olhar para nós mesmas, enquanto pro- fissionais e também enquanto pessoas que compõem aquele grupo, e isso, com certeza, é algo que precisa ser compartilhado. Como não se implicar em um grupo de mulheres, sendo nós, mulheres também? Neste período de coordenação, em vários momentos, algumas integrantes nos apresentavam as “regras” grupais, nos apontavam ho- rários que deveriam ser cumpridos, as férias obrigatórias, os atrasos não toleráveis e isto, com certeza, nos mobilizou. A mudança das duas coordenadoras foi algo importante, nós não conhecíamos as “regras” e nem como aquele grupo funcionava, nós éramos as “novatas”, quem teria que aprender, mas será que haveria de ser dessa forma? Não po- deríamos criar novas regras, novos modos de viver aqueles encontros? Talvez algumas das nossas primeiras inquietações tenham sido estas, e ainda nos questionávamos: quem coordenava aquele grupo, de fato? Sinceramente, um grupo constituído há mais de 10 anos, que já con- seguia terminar e até mesmo completar a história do outro – de tantas vezes que aquela história já havia sido contada – não era algo simples. Era quase impossível (para nós) pensar que pudessem re(pensar) suas histórias de vida, mas estávamos dispostas a tentar... Aos poucos, fomos nos inserindo em um grupo em constante movimento, na verdade, as mulheres, algumas compondo este grupo desde a sua formação, mudaram muito neste período em que partici- param, cada uma a seu tempo. Talvez o que possamos citar aqui, seja a institucionalização do processo de permanência delas no grupo, nos últimos anos. De fato, as coordenações anteriores à nossa, vinham fa-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz