Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

32 PAAS: 20 anos de desafios e possibilidades só com os usuários, mas com o próprio serviço e seus integrantes. Para isso acontecer é essencial que o gestor possa ter a sensibilidade para produzir sentido e ter sempre presente a realidade dos sujeitos que es- tão envolvidos nesse processo. (CECCIM; FEUERWERKER, 2004). Concordamos, assim, com a proposta de Carvalho e Cunha (2006), de um modelo de organização dos serviços de saúde em que a equipe tenha poder de decisão. Considerando que o trabalho em saúde é produzido por meio de uma grande interdependência, o lugar de ges- tão seria o de fomentar o diálogo e reforçar a interação criativa entre os profissionais. Segundo Azevedo (2012, p. 55): ... é interessante pensar essa postura ético-política de gestão como uma política dos encontros, afinal não é possível se partilhar gestão sem os atores envolvidos se encontrarem e, se o trabalho em saúde se constitui em ato, esses encontros dar-se-ão. Consideramos que as próprias reuniões de equipe são um es- paço potencial para que este encontro seja possível. Esse é um espaço para discussão das questões pertinentes ao serviço, principalmente no que diz respeito ao seu posicionamento diante das relações institucio- nais, bem como planejamento e construção das ações. É um momento estratégico, ficando, assim, a cargo da equipe de Gestão organizar a reunião, bem como pautar os assuntos eleitos durante a semana como principais a serem discutidos. Desta forma, é a equipe de Gestão que tem o compromisso e responsabilidade com as reuniões de segundas-feiras, proporcionando que a equipe discuta e delibere questões importantes para o desenvolvi- mento do serviço. Este é um espaço rico em diversidade, visto que su- jeitos de diferentes inserções profissionais e teóricas precisam discutir e deliberar. De acordo com Azevedo (2012), o objetivo de uma gestão é produzir algo a partir do contato com muitos mundos possíveis e do afeto produzido nesse encontro de diferentes, o que é o oposto de ape- nas reproduzir uma somatória de indivíduos. Campos (2000), Ceccin e Feurwerker (2004) já sinalizavam que poderíamos pensar a gestão em saúde como uma roda de cogestão. Entendemos, assim, que a roda reforça nossa parceria, abre espaços para criar, recriar e inventar novas possibilidades de ações e organização.

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