Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

PAAS: 20 anos de desafios e possibilidades 15 Outros continuavam sua trajetória de estágio no PAAS e ainda havia os estagiários novos que ingressavam e vinham para a familiarização, recebendo pacientes de passagem e o anúncio de novas atividades. Chegavam através de processo seletivo, enquanto outros, aprovados, mas na condição de suplência, clamavam por mais vagas no serviço escola para o Estágio Profissional do Curso de Psicologia. Por outro lado, os usuários também mantinham seu fluxo entre continuidades, encerramentos e ingressos em diferentes processos de cuidado. Ou seja... um novembro “comum” para o PAAS... repleto de pessoas diferentes, em momentos diferentes de relação com o serviço escola, fazendo transbordar o cotidiano em uma multilinearidade de histórias, interesses, relações de poder, experiências de formação, sofri- mentos, alegrias, cuidados, encontros bons e não tão bons... Também era “comum” o novembro em São Leopoldo. Fazia muito calor! A estrutura física do serviço enfrentava um momento dos mais precários. O PAAS está localizado em um prédio, que hoje abriga o Centro de Cidadania e Ação Social – CCIAS, de beleza histórica que nos presenteia com um jardim interno e uma arquitetura antiga e que evoca um tempo onde os espaços eram pensados na relação com os corpos que o habitavam e não somente como um lugar de passagem, despersonalizado. Mesmo assim, no encontro, por vezes violento, dos prédios antigos e as necessidades modernas de um serviço de atenção à população, somente seus pés direitos altos, suas salas com amplas jane- las, suas sombras e árvores não eram suficientes para enfrentar o calor. Entre os aparelhos de ar condicionado – também já antigos – havia os que estragaram, os que foram roubados e aqueles que ti- veram que ser retirados em função do risco de incêndio. Estávamos com reduzidos recursos para lidar com o calor, tínhamos as jarras de água saborizadas pelas folhas de hortelã colhidas no pátio e os escassos ventiladores que davam conta somente de redistribuir o ar quente e o abafamento reinante nas peças do local. Imersos nesta dura realidade, usuários e estagiários, literalmente desmaiavam! Ou seja, o espaço físi- co era uma presença que participava ativamente na produção do coti- diano, afetando corpos, produzindo relações. Um tempo de muitos “comuns”, repletos de diferenças. Como pano de fundo, ouvíamos lindas canções de Natal, era final de ano. Tempo, portanto, de fazer confraternizações e renovar as

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