Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

108 PAAS: 20 anos sonhando juntos portanto, que a produção de serviços de saúde se realize em bases coletivas, sendo a equipe de saúde, e não os profissio- nais isolados, a unidade produtora destes serviços. [...] Faz- se necessária também a criação de condições favoráveis que permitam o envolvimento de todos os trabalhadores de saú- de dos diversos níveis, para que o saber, o conhecimento e a informação sejam horizontalizados, garantindo que a demo- cratização do saber se processe na prática das ações de saúde [...]”. (BRASIL, 1986, p. 21, grifos nossos). Esse histórico documento ainda traz uma série de considera- ções a respeito do distanciamento entre a formação, em seus vários níveis (médio, educação continuada, graduação e pós-graduação) e os serviços assistenciais. Afirma que o “setor educacional, historicamente, ainda não responde às necessidades de profissionalização para o setor da Saúde em função da inadequação curricular à realidade dos serviços” (p. 23). Fica a questão: estamos conseguindo superar esta dificuldade? CONSIDERAÇÕES FINAIS [...] o milagre laico da tolerância, acolhe, na paz, todas as aprendizagens, para delas fazer brotar a liberdade de inven- ção. (SERRES, 1993). Finalizando, mesmo passados 30 anos da 2ª CNRH, e os 20 anos do PAAS, o tema da formação multiprofissional e interdisciplinar se mantém atual. E não é difícil perceber, a partir das nossas experiên- cias, que ainda encontramos muitas dificuldades para o trabalho em equipe interdisciplinar. Há um longo caminho a percorrer para a cons- tituição de espaços mais horizontalizados, democráticos e efetivamente abertos à inclusão de saberes menos organizados, mas não menos po- tentes, vindos das alunas, dos alunos e dos usuários, de quem não pode- mos subtrair a autonomia, sob o risco de deixarmos de produzir saúde. Aprendemos com Rolnik (1986, p. 11-12) que “vivemos sem- pre em defasagem em relação à atualidade de nossas experiências”, e, complementamos, trabalhar em equipe interdisciplinar é um arranjo de experimentações. Ao valorizarmos as nossas experiências, abrimos espaço para os movimentos instituintes, aqueles onde se apresentam o desejo, a produção.

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