Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

PAAS: 20 anos sonhando juntos 107 Comunitários (PACS) como fundamentais”. Nesse sentido, e conside- rando a nossa implicação com a formação em Saúde, perguntamo-nos: promovemos uma formação que qualifica o trabalho junto ao SUS? Em que direção se olha quando se organizam os projetos político-pe- dagógicos, com suas disciplinas, práticas e estágios? Possivelmente, ao fazer uma revisão desses projetos curricula- res, verificar-se-á que ainda são insuficientes ou são pouco valorizados temas fundamentais para o trabalho junto às comunidades e/ou po- pulações. Poderíamos afirmar que persiste a unidade “paciente” como foco, fragmento “arquegenealógico” (RABINOW; DREYFUS, 1995) que estrutura um modo de subjetivação nas relações em saúde. Nesse caso, restringindo as possibilidades de produção de outra saúde. Como menciona Pelbart: “escapar a essa violência binária, que consiste em ter que optar pelo paraíso asséptico de uma estranha saúde, saúde sem um devir-outro”. (1993, p. 27). Escapar significaria, no contexto dessa provocação, pensar o campo da Saúde para além das questões técnicas e corporativas. Pensar como um espaço coletivo, por isso privilegia- do para a produção de novas relações entre os integrantes da equi- pe, com suas diferenças, e das equipes, com os usuários dos serviços, seja qual for o serviço ― público, privado ou num projeto de extensão universitária. Na defesa dessa perspectiva, o trabalho em equipe interdisci- plinar é condição estratégica e potencializadora da formação em saú- de, como vem fazendo o PAAS. E isso não é novo. A II Conferência Nacional de Recursos Humanos para a Saúde, que teve como tema a “Política de Recursos Humanos Rumo à Reforma Sanitária”, em continuidade à 8ª CNS, ambas realizadas em 1986, já nos chama- va a atenção para o papel transformador do trabalho em equipes interdisciplinares. [...] o saber da área da saúde está fragmentado em campos profissionais, fazendo com que cada profissional domine apenas uma parcela do conhecimento necessário à atenção à saúde. Além desta divisão técnica, ocorre uma divisão so- cial do trabalho manisfestada pela repartição das tarefas em diferentes níveis de complexidade, o que determina uma hierarquização dos profissionais da área. Tal distribuição do conhecimento científico alija, em grau crescente, a população do saber sobre sua própria saúde. É inevitável e necessário,

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